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Brasil deve aprender a lidar com protecionismo e expor propostas concretas, apontam especialistas

Mundo vive uma escalada protecionista, com cerca de 2.500 medidas comerciais e de política industrial em vigor

Economia|Rafaela Soares e Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • Medidas protecionistas aumentaram globalmente desde a pandemia, com 2.500 ações em vigor.
  • Brasil deve negociar tarifas com os EUA e diversificar seus mercados de exportação.
  • Retração dos EUA em instituições internacionais impacta a ordem global e as relações comerciais.
  • Especialistas recomendam que o Brasil apresente propostas concretas e objetivas nas negociações.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Tarifas foram anunciadas no começo do mês e entram em vigor na sexta-feira (1º) Divulgação/The White House/Arquivo

A dois dias do início da cobrança de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, especialistas indicam que medidas protecionistas vêm se intensificando desde a pandemia de Covid-19, em 2020.

O professor de Relações Internacionais da ESPM, José Luiz Pimenta, afirma que o cenário atual representa uma escalada do protecionismo, com aproximadamente 2.500 ações comerciais e industriais em vigor ao redor do mundo.


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“Cerca da metade dessas medidas está concentrada nos Estados Unidos, União Europeia e China. Essa tendência se consolidou há anos e visa, de forma clara, defender a indústria doméstica em diversas economias”, afirma.

Apesar disso, Pimenta ressalta a importância de manter o comércio exterior como ferramenta estratégica para ganhos logísticos, operacionais e de consumo no médio e longo prazos.


“É necessário lidar com o avanço protecionista por meio de uma política comercial sólida e pragmática — com busca por novos mercados e preservação dos que já apresentam maturidade”, pontua.

Atualmente, os Estados Unidos absorvem cerca de 12% das exportações brasileiras.


Para o professor, o Brasil precisa negociar, em curto e médio prazos, a redução das tarifas com o governo americano e, simultaneamente, redirecionar parte de sua produção para países com maior potencial de compra.

“Este é o momento de dialogar com os norte-americanos, sem comprometer a competitividade, e também ampliar a base de parceiros comerciais mundo afora.”


Reorganização global

Para o especialista Guilherme Frizzera, o enfraquecimento de instituições como a ONU e a OMC, aliado ao uso crescente de sanções e tarifas como ferramentas coercitivas, tem levado diversos países a procurar caminhos fora do eixo tradicional de influência ocidental.

“Diferentemente do período pós-Segunda Guerra Mundial, quando os EUA lideraram a construção de uma ordem internacional liberal, o cenário atual aponta para uma nova configuração, não por iniciativa americana, mas como reação à sua retração e à postura confrontacional”, observa.

A professora de Relações Internacionais Natali Hoff compartilha avaliação semelhante.

Para ela, o uso do comércio exterior como instrumento de poder, sobretudo sob Donald Trump, coloca em risco a lógica multilateral que norteou o sistema internacional nas últimas décadas.

“Essa prática tarifária tem efeito corrosivo sobre uma ordem internacional que já vinha fragilizada. Trata-se de uma imposição unilateral de interesses, típica de um ator com muito mais força, no caso, os Estados Unidos, e isso rompe com a lógica baseada em regras e cooperação”, argumenta.

Nova dinâmica global

Na visão de Frizzera, as iniciativas de Donald Trump refletem uma tentativa de restaurar a hegemonia dos Estados Unidos por meio de ações unilaterais, e não a construção de uma nova arquitetura global.

“Elevação de tarifas, críticas a instituições multilaterais e personalização das relações econômicas representam uma reação a um ambiente internacional percebido como menos favorável a Washington, e não um projeto estruturado de substituição da ordem vigente.”

Segundo o analista, trata-se de uma política externa marcada por nacionalismo e foco em interesses imediatos, sem uma proposta de reformulação sistêmica.

Pressão por negociações

Especialistas também defendem a necessidade de o Brasil apresentar propostas concretas nas negociações comerciais.

Para Pimenta, “é essencial definir prioridades por setor e apresentar iniciativas objetivas para avaliação do governo americano. O mercado brasileiro também representa um ativo relevante para companhias dos Estados Unidos”.

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