China quer investir em infraestrutura no Brasil, diz Araújo
Segundo o ministro, o país asiático manifestou interesse pelos projetos de concessões, privatizações e licitações e quer comprar mais alimentos
Economia|Da EFE
A China está interessada em investir pesadamente em obras de infraestrutura no Brasil e em elevar suas importações de alimentos do país, afirmou nesta sexta-feira (26) o chanceler Ernesto Araújo ao resumir suas conversas com o ministro das Relações Exteriores chinês nesta semana.
Ernesto Araújo conversou com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, tanto na terceira reunião do Diálogo Estratégico Global Brasil-China na quinta-feira (25) em Brasília como na reunião desta sexta-feira, no Rio de Janeiro, entre os chanceleres dos países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
"Na China, há grande interesse em investir na infraestrutura brasileira porque basicamente são projetos que facilitam as exportações brasileiras para a China", afirmou o ministro brasileiro em entrevista coletiva concedida após a reunião ministerial dos Brics, no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro.
Segundo Ernesto Araújo, a China manifestou grande interesse pelos projetos de concessões, privatizações e licitações para obras de infraestrutura no Brasil planejados pelo governo de Jair Bolsonaro.
Leia também
"Em nossas reuniões conversamos sobre todos esses investimentos em infraestrutura e que se trata de um jogo que garante lucro para os dois países, já que a China terá acesso a mais produtos brasileiros e a menor preço", disse o chanceler.
Araújo garantiu que ao Brasil também interessa uma maior abertura do mercado chinês para seus produtos agrícolas e pecuários, especialmente aqueles que ainda têm as portas fechadas.
"O eixo de nossa associação são os investimentos em infraestrutura e o maior acesso de produtos brasileiros ao mercado chinês, principalmente para produtos como carne bovina, frutas, algodão e sucos, que enfrentam restrições", disse o chanceler.
Para o ministro das Relações Exteriores do Brasil, todos os setores agrícolas estão com boas perspectivas de aumentar suas vendas à China, que também manifestou interesse em produtos industriais do Brasil.
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com um comércio bilateral que apenas no ano passado somou US$ 98,9 bilhões.
Araújo afirmou que parte do investimento chinês em projetos brasileiros de infraestrutura pode ser financiada pelo banco de desenvolvimento criado pelos Brics como alternativa ao Banco Mundial, mas admitiu que os aportes desta entidade estão atrasados atualmente por problemas técnicos.
"Em um momento em que se espera a recuperação do crescimento econômico no Brasil e o lançamento de projetos de infraestrutura, este banco pode ser um sócio muito importante no que será um novo ciclo de crescimento dos investimentos no país", disse o chanceler de Bolsonaro.
Segundo Araújo, o investimento estrangeiro direto já começou a crescer com as possibilidades de negócios oferecidas pelo governo Bolsonaro.
No primeiro semestre deste ano, o Brasil recebeu US$ 37,338 bilhões em investimento estrangeiro direto, o maior valor para o período desde 2014 (US$ 41,8 bilhões) e 10,42% superior ao dos seis primeiros meses do ano passado (US$ 33,814 bilhões).
"O banco dos Brics pretende concentrar sua atuação nos segmentos de infraestrutura e energia, nos quais o Brasil ficou atrasado por muito tempo sem investimento. E os parceiros dos Brics veem que há oportunidades enormes para recuperar esse tempo perdido", disse Araújo.