Combustíveis mais caros puxam maior inflação para março desde 1994
Disparada de 1,62% do IPCA eleva variação do índice oficial de preços a 11,3% no acumulado dos últimos 12 meses, aponta IBGE
Economia|Do R7
Os combustíveis (+6,7%) voltaram a figurar como vilões e impulsionaram a disparada de 1,62% da inflação oficial em março. Trata-se da maior variação para o mês desde 1994, antes da adoção do real, apontam dados divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado representa uma alta em ritmo maior em relação ao salto de 1,01% nos preços apurado pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em fevereiro. Com a aceleração, o indicador acumula alta de 3,2% no primeiro trimestre e de 11,3%, nos últimos 12 meses.
Diante da manutenção da inflação em patamares elevados, o BC (Banco Central) já admite que o IPCA terminará 2022 acima do teto da meta pelo segundo ano consecutivo. O alvo do CVM (Conselho Monetário Nacional) para o índice é 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 2% a 5%).
Principal influência no bolso dos consumidores, a gasolina ficou 6,95% mais cara no mês passado. A variação é motivada pelo reajuste 18% no preço da gasolina e de 25% no valor cobrado pelo diesel nas refinarias, que passaram a valer no dia 11 de março.
O movimento colocou o grupo de transportes na liderança entre os reajustes, com alta de 3,02% no mês passado. Além dos combustíveis, o transporte por aplicativo (7,98%) e o conserto de automóvel (1,47%) são outros componentes que ajudam a explicar a alta do grupo.
Por outro lado, houve queda de 7,33% no preço das passagens aéreas. O gerente do IPCA Pedro Kislanov atribui a variação à metodologia que considera uma viagem marcada com dois meses de antecedência. "A variação reflete a coleta de preços feita em janeiro para viagens realizadas em março. Em janeiro, houve um aumento nos casos de Covid-19, o pode ter reduzido a demanda e, consequentemente, os preços das passagens aéreas naquele momento”, avalia.
Alimentação
O segundo maior impacto partiu do grupo de alimentação e bebidas (+2,42%), com forte valorização do preço de alimentos para consumo no domicílio (+3,09%). A maior contribuição individual foi do tomate, cujo preço subiu 27,22% no mês passado.
A cenoura, por sua vez, avançou 31,47% e já acumula alta de 166,17% nos últimos 12 meses. Também ficaram mais caros o leite longa vida (+9,34%), o óleo de soja (+8,99%), as frutas (+6,39%) e o pão francês (+2,97%).
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Para Kislanov, houve uma alta disseminada no preço dos produtos com reflexo da disparada do valor dos combustíveis no mês. “Vários alimentos sofreram uma pressão inflacionária. Isso aconteceu por questões específicas de cada alimento, principalmente fatores climáticos, mas também está relacionado ao custo do frete”, explica ele.
Na alimentação fora do domicílio (+0,65%), a refeição, que havia ficado próxima da estabilidade em fevereiro, ganhou força e registrou alta de 0,6% em março. Já o lanche teve alta de 0,76%, ante o salto de 0,85% observado em fevereiro.