Conflito da Ucrânia gera inflação e ameaça crescimento do PIB, diz BC
Relatório Trimestral de Inflação vê guerra no Leste Europeu como "um novo choque de oferta" com impacto nos preços
Economia|Do R7
O BC (Banco Central) afirmou nesta quinta-feira (24), em seu RTI (Relatório Trimestral de Inflação), que os conflitos no Leste Europeu elevaram as projeções de altas dos preços e traz uma sinalização negativa para a atividade econômica no curto prazo.
De acordo com o BC, a avaliação ocorre devido à elevação dos preços de commodities (matérias-primas) e dos produtos importados desde a escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia.
"Embora atenuada pela recente apreciação do real, [a guerra] pode ser considerada um novo choque de oferta do ponto de vista da economia doméstica, com impacto altista sobre a inflação e negativo sobre a atividade econômica no curto prazo", destaca o relatório.
Diante do cenário, o BC ressalta que a previsão do Copom (Comitê de Política Monetária) espera por uma inflação de 7,1% neste ano, patamar 2,1 pontos percentuais acima do teto da meta estabelecida pelo governo, e volta a apontar para uma nova alta de 1 ponto percentual da taxa básica de juros, a 12,75% ao ano, para conter a variação.
Mesmo diante do cenário adverso, o BC manteve a previsão de crescimento de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) — soma de todos bens e serviços produzidos no país — neste ano e ressalta que a alta no preço das commodities ocorreu em paralelo com a valorização de 10,3% do real, o que contribuiu para mitigar parcialmente a escalada da inflação.
A avaliação da autoridade monetária também reconhece que os dados recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) seguem em "patamar incompatível com o cumprimento da meta de inflação". "Os aumentos são disseminados e a composição do índice foi desfavorável, com altas relevantes de preços mais associados ao processo subjacente de inflação", observa o BC.