Copom avisa que inflação ainda gera ‘desconforto’ e sinaliza que vai manter juros em 15% ao ano
Decisão unânime de manter a Selic foi tomada na quarta-feira (17); esse é o maior patamar em quase 20 anos
Economia|Rafaela Soares, do R7, em Brasília
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O Banco Central divulgou nesta terça-feira (23) a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano.
Segundo o documento, a diretoria levou em conta as expectativas de inflação, medidas por diferentes índices, que ainda permanecem acima da meta, o que mantém um cenário adverso.
“O Comitê reforçou e renovou seu compromisso com a reancoragem das expectativas e com a condução de uma política monetária que enseje tal movimento. O Comitê avalia que a reancoragem das expectativas de inflação reduz os custos da desinflação e entende que tal processo exige perseverança, firmeza e serenidade”, pontua.
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🔎 A meta da inflação é de 3% ao ano, com intervalo de tolerância de menos 1,50 ponto percentual e mais 1,50 ponto percentual, isto é, de 1,50% a 4,50%.
A expectativa predominante entre analistas financeiros indicava estabilidade no patamar atual, o maior desde 2006.

Os diretores também pontuam que a desancoragem das expectativas de inflação é “um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida”.
“Foi ressaltado que ambientes com expectativas desancoradas aumentam o custo de desinflação em termos de atividade. O cenário de convergência da inflação à meta torna-se mais desafiador com expectativas desancoradas para prazos mais longos”, afirma o documento.
🔎 Desancoragem refere-se à situação em que as expectativas de inflação dos agentes econômicos (empresas, consumidores e mercados) se desviam de forma significativa da meta estabelecida, permanecendo acima e afastando-se do centro da meta.
Na discussão sobre esse tema, a principal conclusão obtida e compartilhada por todos os membros do Comitê foi de que, em um ambiente de expectativas desancoradas, como o atual, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado.
“O Comitê seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta se julgar apropriado. Reafirmou-se o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta.”
Essa taxa valerá ao menos pelos próximos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se reunir para discutir novamente a conjuntura econômica nacional.
Inflação e Juros
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e o principal instrumento de política monetária do BC no controle da inflação.
Antônio Sanches, analista de alocação de research da Rico, explica que o Banco Central tem o trabalho de controlar os preços.
“Quando a inflação está acima da meta, o Banco Central tem que atuar para controlar esse aumento de preços. E, quando o aumento de preços é provocado por fatores de demanda, com as pessoas comprando e a economia aquecida, a taxa de juros pode ser utilizada como uma forma de tentar desacelerar a economia, encarecendo o crédito, tirando incentivo do consumo. O que paralelamente acaba incentivando os investimentos em renda fixa. Por sua vez, incentivando a poupança, a pessoa a guardar o dinheiro”, explica o economista.
Segundo ele, os juros estão no patamar contracionista, ou seja, justamente no nível que busca frear a economia, principalmente, o consumo nos setores que acabam sendo mais impactados pelo crédito.
Por isso, o Banco Central deve esperar ainda mais sinais de que a inflação esteja caminhando para a meta antes de começar a reduzir os juros, o que deve acontecer somente no início de 2026, de acordo com Sanches.
“Por mais que o Banco Central deva começar a sequência de cortes dos juros em 2026, a gente ainda espera que a Selic fique num patamar de aproximadamente 12,5% ao ano, que ainda é contracionista”, acrescenta. Isso ocorre porque a inflação deve seguir acima da meta de inflação.
Cenário externo
Para o Comitê, o cenário externo ainda é incerto, mas há destaque para o início do ciclo de corte de juros pelo Fed, o banco central americano, ao mesmo tempo em que persistem dúvidas sobre o impacto das tarifas na inflação norte-americana.
“De todo modo, os riscos de longo prazo, que inclusive contribuem para tornar o cenário incerto, como a introdução de tarifas e a elevação dos gastos fiscais, se mantêm presentes. A avaliação predominante no Comitê é de que persiste maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, afirma.
Cenário interno
No âmbito doméstico, a atividade econômica segue indicando “certa moderação no crescimento” e, com isso, o cenário delineado pelo Copom vem se confirmando até o momento. “Em momentos de inflexão no ciclo econômico, é natural que se observem sinais mistos advindos de indicadores econômicos ou de diferentes mercados. Desse modo, o Comitê seguirá acompanhando a totalidade dos dados”, acrescenta.
Perguntas e respostas
Qual foi a decisão do Copom em sua última reunião?
O Copom decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, o maior patamar em quase 20 anos.
Quais foram os principais fatores considerados pelo Copom para essa decisão?
O Comitê levou em conta que as expectativas de inflação ainda estão acima da meta, o que gera um cenário adverso. Eles ressaltaram a importância de reancorar as expectativas de inflação para reduzir os custos da desinflação.
O que o documento do Copom menciona sobre as expectativas de inflação?
O documento afirma que a desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida, pois ambientes com expectativas desancoradas aumentam o custo de desinflação.
Qual é a expectativa do Copom em relação à política monetária futura?
O Comitê indicou que seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta de juros se julgar necessário, reafirmando seu compromisso de levar a inflação à meta.
Quando o Copom se reunirá novamente para discutir a taxa de juros?
Os diretores do Banco Central se reunirão novamente em 45 dias para discutir a conjuntura econômica nacional.
Qual é a função da Selic na economia brasileira?
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e o principal instrumento de política monetária do Banco Central para controlar a inflação.
O que o analista Antônio Sanches explica sobre o papel do Banco Central em relação à inflação?
Antônio Sanches explica que o Banco Central atua para controlar o aumento de preços quando a inflação está acima da meta, utilizando a taxa de juros para desacelerar a economia e incentivar a poupança.
Qual é a previsão para a Selic nos próximos anos?
Segundo Sanches, a expectativa é que a Selic comece a ser reduzida apenas no início de 2026, mas ainda permanecerá em um patamar contracionista de aproximadamente 12,5% ao ano.
Qual é a meta de inflação estabelecida pelo Banco Central?
A meta de inflação é de 3% ao ano, com um intervalo de tolerância de 1,50 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, entre 1,50% e 4,50%.
Como o cenário externo está influenciando as decisões do Copom?
O cenário externo é considerado incerto, com destaque para o início do ciclo de corte de juros pelo Fed, o banco central americano, e a persistência de dúvidas sobre o impacto das tarifas na inflação norte-americana.
Qual é a situação da atividade econômica no Brasil segundo o Copom?
A atividade econômica no Brasil indica uma certa moderação no crescimento, e o cenário delineado pelo Copom vem se confirmando até o momento.
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