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Desemprego é a ‘primeira coisa que vai acontecer’, diz entidade sindical sobre desoneração

Fala do presidente União Geral dos Trabalhadores foi feita em evento do Dia do Trabalho; setores empregam mais de 9 milhões de pessoas

Economia|Do R7, em Brasília

Os 17 setores empregam mais de 9 milhões de pessoas José Paulo Lacerda /CNI

O presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores) Ricardo Patah afirmou a necessidade de um olhar sensibilizado aos 17 setores beneficiários da desoneração da folha de pagamento em meio ao impasse sobre o regime fiscal. “É fundamental, por mais que o desemprego no Brasil diminuiu, que nós tenhamos a sensibilidade da valorização desses setores, massivos em mão de obra, que continuem com a desoneração”, ressaltou Patah durante um evento em comemoração ao Dia do Trabalho nesta quarta-feira (1º). As áreas econômicas são responsáveis por 9,3 milhões de vagas de emprego no país.

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“As empresas, normalmente, fazem seus orçamentos baseados em valores que vão gastar com a mão de obra e outros insumos. Com a volta da oneração, a primeira coisa que vai acontecer é [que empresas vão] desempregar pessoas. É a nossa preocupação”, acrescentou o presidente da UGT. No regime de desoneração, em vez de o empresário pagar 20% sobre a folha do funcionário, o tributo pode ser calculado com a aplicação de um percentual sobre a receita bruta da empresa, que varia, conforme o setor, de 1% a 4,5%.

Patah também relembrou que a medida foi anunciada em 2011, época na qual o desemprego era muito mais crítico, e é essencial para a manutenção dos empregos e até mesmo a criação de novas vagas para os mais jovens. “A partir desse ano, nós estávamos imaginando que não teríamos mais nenhum tipo de problema, mas infelizmente, o Supremo [Tribunal Federal] barrou a desoneração, trazendo intranquilidade para os 17 setores e para nós, trabalhadores. “

Uma decisão provisória do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Cristiano Zanin, sem ouvir os setores econômicos envolvidos nem o Congresso Nacional, suspendeu, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a lei que prorroga até 2027 o regime fiscal. Zanin enviou a decisão para análise do plenário virtual da Corte. O julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Luiz Fux.


“Somos favoráveis ao diálogo, temos que construir a desoneração com a manutenção dos empregos. Hoje, muitas pessoas estão deixando de contratar pessoas para contratar máquinas”, analisou o representante sindical.

Histórico da medida

A prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia até 2027 foi aprovada pelo Legislativo em outubro do ano passado, mas foi vetada integralmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva menos de um mês depois. Em dezembro, o Congresso derrubou o veto de Lula, com votos de 60 senadores (contra 13) e 378 deputados (contra 78).


O ato do presidente contrariou 84% dos deputados (430 dos 513 votaram a favor do texto) e a maioria dos senadores — no Senado, a proposta passou com facilidade, aprovada em votação simbólica, que acontece quando há consenso entre os parlamentares.

As entidades representantes dos 17 setores desonerados, dos trabalhadores e de organizações da sociedade civil fizeram coro pela derrubada do veto do presidente. Essas instituições estimam que ao menos 1 milhão de vagas sejam perdidas sem a desoneração.


No início deste mês, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiantou que a AGU judicializaria a questão. Dias antes, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), excluiu a reoneração da folha de pagamento dos municípios brasileiros, instituída pela MP (Medida Provisória) 1.202/2023. A decisão foi tomada quando o parlamentar prorrogou por mais 60 dias os efeitos do texto.

Para cumprir a meta de déficit fiscal zero

Editada no fim do ano passado, a medida originalmente pretendia reonerar a folha de pagamento de 17 setores econômicos dos municípios com até 156 mil habitantes e também acabar com os incentivos tributários do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos). O governo defendeu que a medida era necessária para cumprir a meta de déficit fiscal zero prevista para 2024.

A edição dessa MP gerou atritos com o Legislativo, já que o Congresso Nacional havia derrubado o veto presidencial que barrou a desoneração desses impostos dos municípios e dos 17 setores econômicos poucos dias antes. Após negociações com os parlamentares, o governo recuou e editou uma nova MP, excluindo a reoneração às empresas, mas mantendo a dos municípios e as mudanças no Perse.

De acordo com Pacheco, pela regra da noventena — prazo de 90 dias para que uma lei de alteração de tributos passe a ter efeito — as prefeituras passariam a sofrer os efeitos da reoneração de impostos em 2 de abril. Em vez dos atuais 8% de alíquota de contribuição previdenciária sobre as folhas de pagamentos, arcariam com 20%.

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