Disparada do leite vai deixar chocolates e derivados mais caros
Proteína saltou 57,4% neste ano em meio a problemas climáticos, mas variação ainda não foi repassada aos derivados
Economia|Do R7
O salto de 57,4% registrado no preço do leite longa-vida somente nos sete primeiros meses de 2022 já traz preocupação aos consumidores, mas pode deixar a rotina dos brasileiros ainda mais amarga com o possível impacto da inflação no valor dos chocolates e outros derivados da proteína.
Com a inflação do mesmo período, é possível notar que ainda não houve o repasse integral dos reajustes para os preços do queijo (+13,8%), da manteiga (+14,2%), do iogurte (+13,26%), nem para os chocolates em barra e bombons (+6,59%).
Fernanda Mansano, economista e professora de análise de cenários econômicos no Ibmec-SP, avalia que ainda há espaço para que a inflação do leite tenha impacto no preço dos derivados.
“A alta dos preços pode refletir no valor dos derivados, porque a parcela do leite na composição dos produtos pressiona os preços para cima”, afirma ela ao observar que as indústrias ainda esperam os próximos movimentos para realizar o repasse.
Matheus Peçanha, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), explica que uma “tempestade perfeita” de fatores reduziu a oferta do leite e colocou a proteína como vilã da inflação nos últimos meses.
"A gente teve um outono frio, que piorou a oferta do leite e gerou um desinvestimento no setor inteiro, que já estava com os custos pressionados, e isso foi uma bomba para o produto final. Toda a cadeia sofre com isso", destaca ele.
Para os próximos meses, Peçanha estima que uma melhora do clima pode impedir a chegada da inflação total ao bolso dos consumidores. “Com a melhora na primavera, já se espera que a produção do leite responda com mais velocidade e isso se espalhe pela cadeia”, prevê o pesquisador.