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Dólar cai a R$ 5,10, após aceno do governo ao fiscal e dados dos EUA

Queda de 1,56% é a maior desvalorização percentual diária desde sexta-feira (-2,17%) e a menor cotação desde 4 de novembro

Economia|Do R7

A moeda americana à vista caiu 1,56%, a R$ 5,1003 na venda
A moeda americana à vista caiu 1,56%, a R$ 5,1003 na venda

O dólar recuou pelo terceiro pregão consecutivo nesta quinta-feira (12), a pouco mais de R$ 5,10, depois da divulgação de dados de inflação americanos mais fracos do que o esperado, enquanto investidores têm melhorado sua percepção sobre o ambiente doméstico em meio a acenos da ala econômica do novo governo à responsabilidade fiscal.

A moeda americana à vista caiu 1,56%, a R$ 5,1003 na venda, a maior desvalorização percentual diária desde a sexta-feira passada (-2,17%) e a cotação de fechamento mais baixa desde 4 de novembro (R$ 5,0524).

Esse movimento veio amplamente em linha com o tombo de cerca de 1% do índice que compara o dólar a seis rivais fortes, depois que os preços ao consumidor nos Estados Unidos caíram inesperadamente pela primeira vez em mais de dois anos e meio em dezembro.

Economistas consultados pela Reuters previam que o índice de preços ao consumidor permaneceria inalterado no mês passado.


Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, disse que os números desta quinta-feira deram sequência a um "sentimento mais positivo" em relação ao aperto monetário do Federal Reserve que havia sido iniciado na semana passada, com a divulgação de um relatório de empregos relativamente alinhado às expectativas do mercado.

Uma redução das pressões de preços e uma piora controlada na saúde do mercado de trabalho nos EUA pode abrir espaço para abrandamento no ciclo de aperto monetário do banco central americano, que já subiu sua taxa de juros em 4,25 pontos percentuais no ano passado. Isso, por sua vez, poria pressão para baixo sobre o dólar, que tende a se beneficiar de custos de empréstimos mais altos.


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"Já está praticamente dado que o Fed vai entregar uma alta menor, e isso trouxe um sentimento de apetite por risco muito forte para o mercado", disse Izac.

Operadores de futuros vinculados à taxa de juros do Federal Reserve aumentaram as apostas nesta quinta-feira de que o banco central americano desacelerará ainda mais seu ritmo de aperto na próxima reunião. O mercado reflete agora probabilidade de 90% de que o Fed elevará os juros em 0,25 ponto percentual em sua próxima reunião, que se encerra em 1° de fevereiro, contra apenas 10% de chance de um segundo aumento consecutivo de 0,50 ponto.


Segundo Izac, a queda do dólar nesta sessão também reflete os esforços da ala econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva para ganhar a confiança dos mercados e passar a imagem de uma gestão fiscalmente responsável.

Na véspera, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, prometeu controlar os gastos do governo e indicou um antigo secretário do ex-ministro Paulo Guedes no Ministério da Economia para ser seu número 2 na pasta.

Já nesta quinta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou o primeiro conjunto de medidas econômicas do novo governo, com um plano de ajuste de até R$ 242,7 bilhões nas contas de 2023, o que faria o resultado primário reverter o déficit previsto atualmente e fechar o ano no azul. Agora, investidores devem digerir os planos e estudar sua viabilidade na prática.

O dólar acumula baixa de 3,4% perante o real até agora em janeiro, depois de a moeda brasileira também ter sido beneficiada pela forte reação de autoridades brasileiras a ataques bolsonaristas às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo.

Alguns participantes do mercado também apontam outros fatores como suportes para o real, entre eles o grande diferencial de juros entre o Brasil e outras economias. A taxa Selic está atualmente em 13,75%, patamar elevado que torna o real atraente para estratégias de carry trade, que consistem na tomada de empréstimo em país de juro baixo e aplicação desses recursos em mercado mais rentável.

Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), disse que a desaceleração da inflação nos Estados Unidos, somada ao fim da política de Covid zero na China e à alta dos preços das commodities, também é impulso para as moedas da região da América Latina. "O peso mexicano está pegando fogo e o real brasileiro está se aproximando", afirmou ele no Twitter.

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