Dólar fecha em queda, a R$ 5,23, mas sem tirar Brasília do foco
A moeda norte-americana caiu 0,42% e a cotação variou de R$ 5,273 (+0,27%) a R$ 5,2304 (-0,54%) na sessão
Economia|Do R7
O dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira (15), com o mercado embarcando em vendas na parte da tarde na esteira do fortalecimento por risco no exterior, em meio a um rali das commodities a picos em mais de seis anos. O dólar à vista caiu 0,42%, a R$ 5,237.
A cotação variou de R$ 5,273 (+0,27%) a R$ 5,2304 (-0,54%) na sessão.
Lá fora, o índice do dólar, que mede o valor da moeda frente a uma cesta de seis rivais, ampliava a queda para 0,2% no fim da tarde. A baixa acelerou depois das 16h (de Brasília), após uma escalada nos preços do petróleo empurrar um índice de referência para as matérias-primas a uma máxima desde julho de 2015.
Moedas intrinsecamente correlacionadas às commodities lideravam os ganhos nos mercados de câmbio nesta sessão: rublo russo (+1,3%), peso chileno (+0,8%), coroa norueguesa (+0,7%) e dólar canadense (+0,5%).
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A alta dos produtos básicos beneficia o real por melhorar os termos de troca, em linhas gerais, razão entre preços de exportações e importações. Assim, a economia brasileira acaba recebendo, no líquido, mais dólares, aumentando a disponibilidade da moeda, o que pode baixar seu preço.
A nova pernada de alta nas commodities poderia interromper a queda nos termos de troca vista desde os picos do segundo trimestre. Segundo dados mais recentes da Funcex, em junho o índice de termos de troca havia batido uma máxima desde 2011. A balança comercial brasileira tem cravado recorde atrás de recorde.
Ainda na linha de ingresso de recursos, o mercado acompanhou notícias de que a Rumo lançou nesta quarta-feira captação de 500 milhões de dólares no exterior. Nesta semana, Banco do Brasil também precificou captação de 750 milhões de dólares.
O mercado de câmbio no Brasil "se rendeu" às vendas de dólares na parte da tarde depois de uma manhã mais pressionada, em que investidores repercutiram sinais de que o governo Bolsonaro parece contar com menos apoio do Legislativo.
Na noite de terça-feira, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), rejeitou medida provisória enviada por Bolsonaro que alterava o Marco Civil da Internet.
"O espaço para mais medidas está menor", disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, chamando atenção para o entendimento de que, mesmo após a minirreforma ministerial recente, o governo ainda não "colheu frutos" no Congresso.
Falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, na véspera e nesta quinta também ficaram no radar, num momento em que o mercado se preocupa com o risco de abalo ao teto de gastos diante do imbróglio em torno da conta de precatórios para 2022, envolta em mais nebulosidade diante da intensificação da crise entre Poderes.
Chamou atenção nesta quarta comentário do presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça, Luiz Fux, sobre o titular da Economia: "Guedes é tão amigo que coloca no meu colo o filho que não é meu". A declaração fez referência à intenção de Guedes de obter aval do CNJ para parcelar precatórios.
O recrudescimento da contenda político-institucional e seus potenciais efeitos fiscais têm deprimido ainda mais a visão do estrangeiro sobre a taxa de câmbio brasileira, em meio a uma ampla expectativa de volatilidade adicional apesar da possibilidade de juros mais altos por causa da disparada da inflação.