Dólar recua 0,42% e fecha a R$ 5,192, e Ibovespa cai 0,43% nesta segunda-feira (10)
Moeda norte-americana continua em tendência de desvalorização, na esteira do primeiro turno da eleição presidencial
Economia|Do R7
O dólar recuou nesta segunda-feira (10) e fechou abaixo dos R$ 5,20, dando sequência a uma tendência de desvalorização recente, na esteira do primeiro turno das eleições presidenciais brasileiras. O Ibovespa também registrou queda, de 0,43%, fechando a 115.875,05 pontos, seguindo o recuo das bolsas de Nova York, em especial das ações de tecnologia.
A desvalorização do dólar no mercado interno vem na contramão do avanço da moeda norte-americana no exterior, devida aos temores globais de aperto monetário e à escalada nas tensões geopolíticas. O dólar à vista caiu 0,42%, a R$ 5,1921.
Ele já havia recuado 0,98% no menor patamar do pregão, a R$ 5,1631, em meio a liquidez reduzida, depois que um feriado nos Estados Unidos, nesta segunda, manteve o mercado de Treasuries fechado. No Brasil, as celebrações de 12 de outubro vão interromper as negociações na quarta-feira.
Na B3, onde os negócios vão além das 17h (no horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,25%, a R$ 5,2115. No exterior, o índice do dólar mostrou avanço de 0,3% nesta tarde, contra uma cesta de seis pares fortes do real, como os pesos mexicano e colombiano, que também registraram ganhos no dia, mas em ritmo mais lento que a divisa brasileira.
"O real (está) descolando um pouco do mundo, tem performado melhor que as outras moedas, e hoje não foi um dia diferente", disse Francisco Levy, estrategista-chefe da Empiricus Investimentos.
O bom humor no mercado de câmbio local ficou claro na semana passada, quando o dólar acumulou queda de 3,34% frente ao real, seu maior tombo semanal em mais de dois meses, numa tendência de depreciação desencadeada pelo primeiro turno das eleições presidenciais.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado no pleito de domingo retrasado (1), e disputará o segundo turno com o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que teve desempenho superior ao indicado nas principais pesquisas de opinião. Investidores parecem ter se tranquilizado após a formação de um Congresso significativamente alinhado a pautas conservadoras e liberais.
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"Os resultados... foram percebidos como não necessariamente uma redução da probabilidade de uma vitória de Lula, mas potencialmente uma diminuição da chance de uma mudança desestabilizadora, em direção a uma política [fiscal] heterodoxa no Brasil", disse o Goldman Sachs, em relatório divulgado nesta segunda. Isso desencadeou, ainda que parcialmente, um "ciclo virtuoso" nos mercados locais de câmbio e juros, avaliou o banco.
"Alguns investidores macro, possivelmente, esperavam por uma redução na incerteza eleitoral antes de se engajarem mais ativamente com uma narrativa macroeconômica positiva no Brasil", diz o documento do Goldman Sachs, acrescentando que o real também tende a se beneficiar da perspectiva de manutenção dos juros locais em patamar elevado por um período prolongado.
A taxa Selic, que atualmente está em 13,75%, torna o real mais atraente para estratégias de "carry trade", que consistem na tomada de empréstimos em algum país de juros baixos, e aplicação desses recursos em uma praça mais rentável.
Apesar da baixa recente do dólar no mercado doméstico, investidores alertavam para a permanência de um cenário externo adverso, conforme os principais bancos centrais do mundo seguissem elevando suas taxas de juros, capitaneados pelo Federal Reserve.
"Crescem as expectativas de uma postura mais dura do banco central norte-americano, com possível alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião, enquanto os analistas aguardam dados de inflação (dos EUA) e a ata da última reunião (do Fed)", com divulgação prevista para esta semana, disse o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco em relatório. "Além disso, o acirramento da guerra na Ucrânia traz cautela adicional."
O dólar é considerado aposta segura em momentos de turbulência econômica ou geopolítica. No final de setembro, o índice da moeda norte-americana tocou seu nível mais forte em duas décadas, em meio a movimento global de proteção contra riscos.
Na bolsa, além da queda das ações de tecnologia e do cenário de alta de juros, o desenrolar da guerra na Ucrânia ainda preocupa investidores. O Ibovespa foi pressionado negativamente pela Vale, e teve a Suzano como a principal contribuição positiva.
Na mínima do dia, o índice cedeu a 115.261,12 pontos, enquanto na máxima foi a 116.840,61 pontos. O volume financeiro somava R$ 23,4 bilhões.