Dólar salta 1% e abre a semana negociado a R$ 4,85
Moeda norte-americana avança com temores relacionados ao aumento de juros nos EUA e a restrições na China
Economia|Do R7
O dólar estendia ganhos contra o real nesta segunda-feira (25), depois de ter registrado a alta percentual mais forte desde o início da pandemia de Covid-19 na última sessão, com ativos arriscados de todo o mundo sofrendo sob temores relacionados a aumentos de juros nos Estados Unidos e a restrições econômicas de combate ao coronavírus na China.
Às 10h21 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,99%, a R$ 4,8541 na venda, depois de mais cedo chegar a saltar 1%, a R$ 4,8546. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,09%, a R$ 4,8625.
Na última sessão, na sexta-feira, a moeda norte-americana à vista já havia disparado 4,07%, a R$ 4,8065, maior valor desde 24 de março passado (R$ 4,8311) e a mais forte alta percentual diária desde 16 de março de 2020 (+4,86%), no começo da pandemia de Covid-19.
A alta do final da semana passada refletiu receios de um aperto monetário ainda mais acelerado nos Estados Unidos, que continuavam rondando os mercados nesta manhã. Várias autoridades do BC dos EUA indicaram recentemente que o banco central elevará os juros em 0,5 ponto percentual em maio. Isso impulsionou o dólar globalmente, tanto na sexta-feira como nesta manhã, quando seu índice frente a uma cesta de pares fortes subia 0,5%.
Na última sessão, a disparada da moeda norte-americana foi tão intensa que desencadeou o primeiro leilão de venda de dólar spot do ano pelo Banco Central. A autarquia colocou no mercado à vista 571 milhões de dólares, o que ajudou a manter a divisa afastada dos picos intradiários.
"Dado o ambiente externo hostil hoje para o real, não podemos descartar outra intervenção extraordinária e reforçamos nossa visão de que o BC está apenas intervindo para corrigir distorções pontuais no câmbio", disseram estrategistas do Citi em relatório nesta segunda-feira.
Além de ainda remoer as indicações mais duras de autoridades do Fed, que entram agora em período de silêncio antes de sua reunião de 3 e 4 de maio, os mercados financeiros globais avaliavam as perspectivas de crescimento da China, que têm sido ameaçadas por rígidos lockdowns de combate à Covid-19.
Em Xangai, autoridades ergueram cercas do lado de fora de prédios residenciais, provocando novos protestos públicos contra o bloqueio que está forçando grande parte dos 25 milhões de habitantes da cidade chinesa a ficar dentro de casa. Enquanto isso, em Pequim, moradores estão estocando mantimentos, temendo lockdown.
"A possibilidade de que seja decretado um lockdown (em Pequim), semelhante ao adotado em Xangai, conforme a situação pandêmica se deteriora na cidade derruba a cotação do minério de ferro e outras commodities metálicas nesta segunda-feira", disse em relatório a equipe de macro e estratégia do BTG Pactual.
Isso parecia prejudicar a maior parte das moedas de países emergentes ou sensíveis às commodities no dia, mesmo depois da notícia de que o banco central da China reduzirá a taxa de compulsório (parcela de dinheiro que os bancos devem manter em suas reservas) para depósitos em moeda estrangeira de 9% para 8%, o que entrará em vigor em 15 de maio.
Divisas do peso chileno ao dólar australiano eram negociadas profundamente no vermelho, enquanto as principais bolsas europeias e os futuros de Wall Street também caíam, num movimento coordenado de aversão ao risco.
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2022.