Dólar segue em queda após discurso conciliador de Bolsonaro
Na abertura do mercado, moeda dava sequência às perdas registradas na véspera na esteira da nota oficial de Bolsonaro
Economia|Do R7
O dólar dava sequência nesta sexta-feira (10) às perdas registradas na véspera na esteira de posicionamento mais conciliador do presidente Jair Bolsonaro, enquanto os mercados globais pesavam sinais de alívio nas tensões entre Estados Unidos e China contra salto na inflação ao produtor norte-americano.
Às 10:19, o dólar recuava 0,27%, a R$ 5,2135 na venda.
Leia também
Embora continuasse em queda, o dólar estava longe da mínima do dia, de R$ 5,1686 (-1,13%), alcançada nos primeiros minutos de negociação.
O dólar futuro de maior liquidez subia 0,18%, a R$ 5,2385.
Na quinta-feira, o dólar à vista já havia caído 1,80%, a R$ 5,2277, maior queda percentual diária desde 24 de agosto passado (-2,25%). Na ocasião, a divulgação de nota oficial de Bolsonaro pouco antes do fechamento do mercado disparou ordens de vendas de dólar, com vários analistas enxergando tentativa do presidente de baixar a temperatura política.
No documento, redigido com ajuda do ex-presidente Michel Temer, Bolsonaro afirmou que nunca teve a intenção de agredir quaisquer dos Poderes, amenizando o tom depois de atacar os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso durante manifestações do feriado de 7 de Setembro.
"Houve diminuição do ruído político, que estava bem extremado desde as manifestações de 7 de setembro e as respostas dos Poderes" ao posicionamento mais duro de Bolsonaro, explicou Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos.
"Não seria difícil imaginar escalada das tensões" não fosse a suavização do discurso do presidente, disse ele.
Apesar do respiro na frente política, Morelli ressaltou que a "volatilidade veio para ficar", com expectativa de que o dólar experimente oscilações fortes para cima e para baixo à medida que as eleições de 2022 se aproximam, ainda que o forte ciclo de elevação de juros pelo Banco Central tenda a ser suporte para o real.
Enquanto isso, no exterior, os investidores reagiam à notícia de que os preços ao produtor nos Estados Unidos aumentaram com força em agosto, indicando que a inflação elevada deve continuar por um tempo.
À medida que os analistas aguardam sinais do Federal Reserve sobre quando exatamente o banco central reduzirá suas compras emergenciais de títulos, sinais de pressões persistentes nos preços podem antecipar apostas de corte de estímulo, que, por sua vez, tenderia a impulsionar o dólar. O índice da moeda norte-americana reduziu sua queda contra uma cesta de pares fortes depois dos dados de inflação ao produtor.
Rand sul-africano, lira turca e peso mexicano, rivais importantes do real, subiam entre 0,2% e 0,5% nesta manhã.
No radar dos investidores internacionais também estava a notícia de que os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, conversaram por telefone durante 90 minutos na quinta-feira, seu primeiro diálogo em sete meses, debatendo a necessidade de fazer com que a competição entre as duas maiores economias do mundo não termine em um conflito.