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Dólar sobe a R$ 5,51, maior valor em dois anos e meio; Ibovespa tem alta

Moeda americana valorizou 1,19% nesta quarta-feira; já o índice da B3 subiu 0,25%, aos 122.641,30 pontos

Economia|Do Estadão Conteúdo

Expectativa por taxa de juros faz dólar subir Arquivo/Agência Brasil

O dólar à vista fechou a R$ 5,5194, com alta de 1,19%, nesta quarta-feira (26), maior valorização desde 18 de janeiro de 2022, quando chegou a valer R$ 5,55 frente ao real. A moeda americana abriu o dia valendo R$ 5,4516. Depois, às 12h10, saltou para R$ 5,4748. Na tarde, o valor chegou a R$ 5,5216.

Já o Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira (26), mesmo com a pressão do câmbio e novas declarações polêmicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após operar próxima à estabilidade por boa parte do pregão, a principal referência da B3 terminou o dia em valorização de 0,25%, aos 122.641,30 pontos, oscilando entre máxima a 122.701,20 pontos e mínima a 121.402,00 pontos.

Em entrevista, Lula afirmou que o governo realiza a revisão dos gastos públicos “sem levar em conta o nervosismo do mercado”, ressaltando que há necessidade de manter investimentos em saúde e educação. Ao ser questionado sobre quais cortes o governo deverá fazer, o presidente pontuou que ainda analisa se eles serão necessários. “Nós estamos fazendo uma análise de onde é que tem gasto exagerado, onde é que tem gasto que não deveria ter, onde é que tem pessoas que não deveriam receber e que estão recebendo”, disse.

Outro destaque do noticiário do dia foi a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial brasileira. O indicador ficou em 0,39% em junho, 0,05 ponto percentual abaixo da taxa de maio (0,44%). Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta no mês, sendo que o segmento de alimentação e bebidas registrou a maior variação, de 0,98%, e o maior impacto, de 0,21 ponto percentual, no índice.

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O fechamento do dólar também trouxe à tona uma preocupação para os investidores: a moeda brasileira exibiu o segundo pior desempenho entre moedas emergentes, atrás do peso colombiano.

Isso quer dizer que, em comparação com outras moedas emergentes, o real teve um desempenho inferior, indicando que a economia brasileira enfrenta problemas mais graves ou percepções mais negativas em relação a outros países emergentes, segundo o mestre em economia da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), Caio Dias. Ele aponta que moedas como o rublo russo, a lira turca, o rand sul-africano e o peso mexicano podem ter enfrentado seus próprios desafios, mas conseguiram se sair melhor do que o real brasileiro.

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“A desvalorização do real em relação a outras moedas emergentes destaca vulnerabilidades específicas da economia brasileira. Isso não apenas pressiona a inflação, mas também reduz o poder de compra dos consumidores e abala a confiança dos investidores, tanto nacionais quanto internacionais”, diz o economista.

O analista de mercado da Stonex, Leonel Mattos, afirmou que o mercado está reagindo à aversão ao risco em relação aos ativos brasileiros. Isso geralmente ocorre quando investidores estão preocupados com a estabilidade econômica e política do país, e com possíveis mudanças nas políticas econômicas que podem afetar os investimentos. “Há pessimismo e desconfiança em relação à condução das políticas fiscal e monetária, mas com maior peso para o fiscal”, analisa.

Mattos também observa que o presidente Lula está discutindo e descarta a desvinculação do BPC das pensões do salário mínimo, uma das medidas de arrecadação que está sendo estudada para ajudar nas contas públicas. O presidente Lula afirmou que “não considera isso como despesa”.

De acordo com Mattos, o IPCA-15 de junho, abaixo das expectativas medianas, está em segundo plano. Ele sugere que o dólar acima de R$ 5,50 pode ainda motivar exportadores a vender, o que poderia reduzir os ganhos da moeda durante a sessão.

O que está acontecendo com o dólar?

No dia anterior, o dólar norte-americano registrou um avanço de 1,16%, alcançando a marca de R$ 5,4534. Esse movimento, segundo especialistas, reflete um cenário de volatilidade nos mercados financeiros, influenciado por uma série de fatores econômicos e políticos tanto internos quanto externos.

Ao longo da semana, a moeda acumulou um pequeno aumento de 0,23%, enquanto no mês apresentou um ganho mais significativo de 3,89%. No acumulado do ano, o dólar valorizou 12,38%, destacando-se como um dos ativos financeiros mais impactados pelas dinâmicas econômicas globais e pelas expectativas em relação às políticas monetárias e fiscais no Brasil.

Se na segunda-feira (24) o dólar caiu com a cautela dos investidores quanto ao anúncio dos dados de inflação do Brasil e dos Estados Unidos, ontem sua máxima ocorreu por três motivos, segundo o mercado financeiro: análise dos investidores em relação à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), as declarações do diretor do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, e também de Michelle Bowman, diretora do Federal Reserve (Fed), o banco dos EUA.

Na ata, o Copom disse que a reancoragem das expectativas de inflação é considerada pela diretoria do BC como um fator determinante para garantir a convergência da inflação à meta estabelecida. O Banco Central também informou um ajuste marginal em seus modelos, aumentando a hipótese de taxa de juros real neutra – aquela que não estimula nem retrai a economia – de 4,5% para 4,75%.

Em videoconferência promovida pela corretora de investimentos Warren, Galípolo disse que o Banco Central não estabelece metas para o câmbio ou o diferencial de juros, mas foca exclusivamente na meta de inflação, que deve ser cumprida rigorosamente. Segundo ele, a moeda brasileira acompanhou o movimento de outras divisas de países emergentes, registrando alta em relação ao peso mexicano e valorização ante o rand sul-africano.

Enquanto isso, a dirigente do Banco Central dos Estados Unidos, Michelle Bowman, afirmou que manter a taxa de juros elevada por um período prolongado será necessário para controlar a inflação. Ela destacou que a inflação continua alta e há vários riscos que podem aumentar ainda mais a inflação, influenciando sua visão econômica. Bowman também disse que observará atentamente os dados futuros para avaliar se a política monetária dos EUA é suficientemente restritiva para reduzir a inflação para a meta de 2% ao longo do tempo.

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