Dólar sobe e encosta a R$ 3,20 após FBI abrir investigação sobre e-mails de Hillary Clinton
Alta de 1,3% da moeda norte-americana também foi guiada por aposta sobre os juros dos EUA
Economia|Do R7

O dólar fechou a sexta-feira (28) com alta de 1,3%, bem próximo do patamar de R$ 3,20, impactado pela notícia de que o FBI abriu nova investigação sobre emails da candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, algo que poderia arranhar sua candidatura.
A moeda norte-americana já subia de forma consistente desde cedo, influenciada pelo crescimento mais forte do que o esperado na economia dos Estados Unidos, em meio às apostas de que os juros devem voltar a subir neste ano na maior economia do mundo. A proximidade da formação da Ptax também pesou.
O dólar avançou 1,3%, a R$ 3,1965 na venda, perto da máxima do dia, de R$ 3,2056. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,6% no final da tarde. Na semana, a moeda norte-americana acumulou ganhos de 1,14% sobre o real, interrompendo três quedas semanais seguidas.
"Ninguém quer ficar vendido no final de semana com esse tipo de notícia no ar", resumiu um operador de uma corretora nacional, referindo-se às eleições norte-americanas.
O FBI informou nesta tarde que a agência vai investigar emails adicionais que surgiram relacionados com o uso de um servidor de email pessoal de Hillary para determinar se contêm informações sigilosas, acrescentando que não está claro o quão significativo o novo material pode ser.
A candidata democrata agrada mais ao mercado do que o republicano Donald Trump e a notícia saiu a poucos dias da eleição norte-americana, em 8 de novembro. Até agora, Hillary tem estado à frente nas pesquisas de opinião.
Uma das moedas mais afetas pela notícia foi o peso mexicano, que passou a subir por causa da posição adversa que Trump tem em relação aos imigrantes.
Durante toda a sessão, o dólar exibiu forte valorização ante o real, com a divulgação de que o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos cresceu à taxa anual de 2,9% no trimestre passado, melhor que a previsão de alta de 2,5% em pesquisa Reuters..
Com o resultado, os juros futuros dos EUA passaram a precificar chances de 83% de o Federal Reserve, banco central do país, elevar a taxa de juros na reunião de 13 e 14 de dezembro, acima das apostas de 78% na véspera, de acordo com o programa FedWatch do CME Group. Após da notícia sobre Hillary as apostas recuaram para 74%.
A trajetória de elevação do dólar no Brasil ainda teve sustentação na briga pela formação da Ptax — taxa mensal que serve de referência para diversos contratos cambiais — no final do mês.
Também pesou o fato de o Banco Central ter anunciado que deixará de anular integralmente os swaps tradicionais — equivalente à venda futura de dólares —, com vencimento em 1º de novembro. Hoje, esse estoque está em 2,96 bilhões de dólares, segundo o BC.
O BC vendeu nesta manhã o lote integral de 5.000 contratos de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de moeda.
Os ingressos de recursos por conta da regularização de ativos brasileiros no exterior chegaram a suavizar um pouco os ganhos do dólar ante o real em momentos do dia, mas foram insuficientes para inverter a trajetória. Segundo profissionais, o fluxo já estaria se esgotando.
"Na minha avaliação, acredito que o principal fluxo da repatriação já aconteceu", comentou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
O prazo para regularização termina na próxima segunda-feira. Segundo a Receita Federal, até as 17h de quinta-feira, a arrecadação com imposto e multa no âmbito da regularização havia chegado a R$ 45,78 bilhões.
