O dólar passou a subir nesta quarta-feira (27) e superou a barreira dos R$ 5 pela primeira vez em mais de um mês, dando sequência a ganhos recentes desencadeados por temores de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos. Às 9h22 (horário de Brasília), a moeda norte-americana à vista avançava 0,47%, a R$ 5,0129 na venda. A última vez em que a divisa norte-americana havia superado os R$ 5 nas negociações intradiárias foi em 18 de agosto. No entanto, o dólar não encerra um pregão acima dessa marca desde o início de junho. Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9895 na venda, em alta de 0,46%. Já na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,42%, a R$ 5,0125. A alta do dólar frente ao real estava em linha com a valorização da divisa norte-americana em relação a uma cesta de partes fortes, que tem vivido um rali nas últimas sessões depois que o Banco Central dos Estados Unidos indicou aos mercados que manterá os juros mais altos por mais tempo de forma a combater a inflação. A autoridade manteve sua taxa básica inalterada na semana passada, mas seus membros ainda esperam mais uma alta de 0,25 ponto percentual este ano e elevaram as projeções para o patamar dos juros em 2024, conforme a maior economia do mundo mostra resiliência surpreendente, o que nubla a perspectiva de controle da alta dos preços. Quanto mais altos os juros nos Estados Unidos, mais a divisa dos EUA tende a se valorizar globalmente, uma vez que os rendimentos dos Treasuries ficam atraentes quando comparados aos retornos de títulos emergentes, de risco muito maior. De acordo com operadores, o movimento de alta do dólar neste pregão era impulsionado ainda por fatores técnicos, uma vez que a superação da marca de R$ 5 provavelmente acionou mecanismos de "stop loss", ou ordens automáticas de compra. "É o 'stop' que bate, e nesta semana já começou o movimento da Ptax; o pessoal que está comprado (em dólar) vai aproveitar esse movimento" para impulsionar a moeda norte-americana a patamares mais interessantes a suas posições, explicou Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora. A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas apostas, sejam elas de que o dólar vai subir ou de que vai cair.