Dólar tem maior aumento desde o dia 2, e Ibovespa cai após sete altas
Moeda americana subiu 1,46%, fechando em R$ 5,159, o maior percentual diário em mais de uma semana; índice da B3 caiu 0,47%
Economia|Do R7
O dólar deu um salto nesta quinta-feira (11), pulando mais de R$ 0,10 entre a máxima e a mínima do dia, acompanhando de perto a recuperação da moeda no exterior e a piora em medidas de risco, com dúvidas sobre o ritmo do aumento de juros nos EUA. O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, fechou em baixa, encerrando uma série de sete pregões em alta, em sessão repleta de balanços corporativos.
Na B3, o volume financeiro da sessão somou R$ 35 bilhões. O Ibovespa caiu 0,47%, a 109.717,94 pontos. No melhor momento, o índice alcançou 111.309,64 pontos, máxima intradia em mais de dois meses, o que chegou a ampliar a alta acumulada no mês a quase 8%. Nos sete pregões anteriores, o Ibovespa contabilizou ganho de 7,8%.
A cotação da moeda americana à vista subiu 1,46%, a R$ 5,159, a maior alta percentual diária desde o último dia 2, quando aumentou 1,93%. Na máxima, a divisa bateu em R$ 5,17, um ganho de 1,70%, depois de ter recuado a R$ 5,06, perda de 0,47%, na mínima.
Os menores níveis do dólar foram tocados ainda pela manhã, quando dados de preços ao produtor nos Estados Unidos surpreenderam, com deflação em julho. O relatório veio apenas um dia depois de a inflação ao consumidor do país, em julho, ter ficado zerada na base mensal. Ambos ofereceram a investidores esperanças de que o Fed (Sistema de Reserva Federal, que corresponde ao Banco Central, nos EUA) pudesse amenizar a velocidade do aperto monetário.
Contudo, autoridades da instituição jogaram água fria nessa expectativa, deixando claro que o Fed ainda está longe de declarar vitória contra a alta dos preços, e que a inflação segue inaceitavelmente alta.
O índice do dólar frente a uma cesta de moedas praticamente zerou toda a queda de 0,56% registrada mais cedo, à medida que as taxas dos títulos do Tesouro americano viraram para cima, e as ações em Wall Street apagaram fortes ganhos de mais cedo.
Composto de empresas que sentem mais as altas de juros, o índice Nasdaq subiu 1,33% na máxima, mas sofreu uma virada e terminou o pregão em queda preliminar de 0,58%.
Análise
"O dólar está no mundo em patamar mais alto, o movimento do Fed está mais forte, existe uma reprecificação na curva de juros dos EUA. [...] Na margem, os vetores para o dólar aqui vêm mais lá de fora, por isso estamos em processo de revisão de cenário para o dólar", diz Arthur Mota, economista do BTG Pactual. Para ele, a nova projeção para a moeda no fim do ano é que ficará acima dos R$ 4,80, atualmente em vigor.
O BTG calcula uma alta de 0,50 ponto percentual no juro americano em novembro, ante estimativas do mercado de 0,25 ponto.
Quanto ao Ibovespa, Sidney Lima, analista da Top Gain, diz que o movimento mais positivo dos últimos dias refletiu o conforto que investidores passaram a ter após dados de inflação melhores do que o esperado nos Estados Unidos.
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Nesta sessão e na da véspera, também foram divulgadas informações que mostraram alívio nos preços ao consumidor e ao produtor americanos no mês passado. "Isso traz um certo fôlego [à Bolsa], porque o investidor começa a ver que banco central americano não será tão agressivo quanto ao aumento da taxa juros", diz Lima.
Em Wall Street, o S&P 500 também perdeu força durante a sessão e fechou praticamente estável.
As ações que se destacaram no dia foram Petrobras PN, que caiu 2,32%, a R$ 36,25, refletindo movimentos de realização de lucros, após renovar máxima histórica intradia mais cedo na sessão, a R$ 37,86. De ano de fundo, o petróleo Brent fechou em alta de mais de 2% no exterior, a US$ 99,60 o barril. A BRF ON desabou 12,65%, a R$ 14,99, mesmo após Ebitda ajustado acima das expectativas no segundo trimestre, de R$ 1,368 bilhão de reais. Analistas ponderam que ainda há um espaço para a empresa percorrer antes de atingir níveis de rentabilidade normalizados.