Eficiência financeira reduz impacto dos juros e limita alta do crédito para empresas em 2024
Estudo do Observatório do Custo Brasil calcula que mecanismos evitaram alta de R$ 19,6 bilhões no custo financeiro empresarial
Economia|Do R7, em Brasília
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A melhora na eficiência do sistema financeiro limitou o aumento do custo do crédito para empresas em 2024 e evitou uma alta adicional de R$ 19,6 bilhões, segundo estudo do Observatório do Custo Brasil divulgado nesta quinta-feira (6). O resultado marca a primeira recuperação de eficiência desde 2021 e levou o país à menor elevação das despesas financeiras com crédito em três anos, mesmo em cenário de juros elevados.
A desaceleração é atribuída à redução do spread bancário, impulsionada pelo avanço do Open Finance, do Cadastro Positivo e de garantias públicas, além de leve queda da inadimplência e maior participação de operações com garantias.
Esses fatores, segundo o levantamento, quebraram o padrão histórico de repasse integral da Selic ao custo final do crédito.
O custo do crédito para o setor produtivo cresceu R$ 12,7 bilhões em 2024, com a Selic acima de 10%, após altas de R$ 32,3 bilhões em 2023 e de R$ 14,7 bilhões em 2022. Sem os ganhos estruturais observados no sistema, o aumento seria maior.
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O Observatório do Custo Brasil é uma iniciativa do MBC (Movimento Brasil Competitivo) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, com apoio técnico da FGV (Fundação Getulio Vargas).
O estudo indica que 2024 foi o primeiro ciclo de juros altos em que o spread bancário não acompanhou integralmente a Selic.
O spread médio para empresas recuou de 9,5 pontos percentuais em 2023 para 8,4 pontos em 2024, retornando a níveis de dez anos atrás. Em ciclos anteriores, como entre 2015 e 2017, esse patamar chegou a 10,8 pontos mesmo com juros elevados.
Segundo o MBC, o movimento reflete maior eficiência na precificação de risco. Em 2021, o custo associado ao spread era de R$ 118,24 bilhões. Corrigido pelo IPCA, a inflação oficial, o valor alcançaria R$ 137,18 bilhões em 2024. Após aumento em 2022 e 2023, a redução do spread no último ano aproximou o país desse patamar, embora ainda distante das economias da OCDE.
O economista do MBC Rodolpho Tobler afirma que o compartilhamento de dados fortaleceu a confiança no sistema de crédito. “Com o Open Finance e o Cadastro Positivo, as instituições financeiras têm acesso a um volume maior e mais qualificado de informações, o que aumenta a confiança, reduz o risco e amplia as condições de crédito”, disse.
Segundo ele, o impacto é mais evidente para pessoas físicas, mas já alcança empresas.
A análise também registra crescimento no saldo de crédito empresarial, de R$ 1,6 trilhão em 2019 para R$ 2,3 trilhões em 2024, e avanço do mercado de capitais como fonte complementar de financiamento.
Potencial e riscos
A diferença entre o spread brasileiro e o dos países da OCDE diminuiu de 7,5 para 6,4 pontos, mas segue elevada. O MBC calcula potencial de redução de R$ 63,5 bilhões no custo do crédito anual caso o país alcance o nível de eficiência observado em economias avançadas.
“O primeiro passo foi frear essa alta”, afirmou Rogério Caiuby, conselheiro executivo do MBC. Ele ressalta que o cenário de 2025 e 2026 pode ser desafiador, com Selic ainda alta e pressão sobre a inadimplência, o que pode reverter parte dos ganhos recentes.
O estudo defende continuidade das políticas que ampliam concorrência e reduzem risco, como o Open Finance, crédito com garantias e integração do mercado de capitais ao financiamento produtivo.
O Observatório do Custo Brasil monitora políticas que afetam o ambiente de negócios. A agenda de crédito integra seis frentes que, segundo a iniciativa, podem reduzir até R$ 530 bilhões do Custo Brasil até 2035.
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