Em ata, Copom indica cenário incerto e diz que manterá juros altos por período prolongado
Comitê afirmou que não hesitará em retomar ciclo de alta se julgar necessário; Selic está em 15%, maior patamar desde 2006
Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília
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O Banco Central divulgou nesta terça-feira (11) a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano pela terceira vez consecutiva. Segundo o documento, o cenário para a inflação “segue desafiador” e a taxa básica de juros deverá permanecer elevada por um período “bastante prolongado” para assegurar a convergência da inflação à meta.
O Comitê indicou que a taxa atual é suficiente para garantir a queda da inflação, mas destacou que não hesitará em retomar o ciclo de alta se julgar necessário.
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A ata destaca que a inflação cheia e os núcleos mostraram arrefecimento recente, mas ainda acima da meta. A pesquisa Focus projeta inflação de 4,5% em 2025 e 4,2% em 2026, ambas acima do objetivo perseguido pelo BC.
O colegiado citou que o ambiente externo segue incerto, com destaque para a política econômica dos Estados Unidos, tensões geopolíticas e negociações comerciais entre Brasil e EUA.
“Manteve-se a visão de que a apreciação do câmbio está em parte relacionada ao diferencial de juros, em parte à depreciação da moeda norte-americana frente a diversas moedas. A avaliação predominante no Comitê é de que persiste maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, diz o documento.
No plano interno, o BC avalia que a atividade econômica dá sinais de moderação, como previsto, mas o mercado de trabalho segue resiliente. Segundo o Comitê, setores mais sensíveis ao crédito desaceleram de forma mais clara, enquanto segmentos impulsionados pela renda mostram maior resistência.
“O Comitê reforça que o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta.”
Política fiscal
A ata também reforça preocupação com a política fiscal. O Comitê afirma que fragilidades na disciplina fiscal e no avanço de reformas podem elevar a taxa neutra de juros e prejudicar o trabalho da política monetária.
Para o BC, políticas fiscal e monetária devem atuar de forma harmônica e previsível para reduzir riscos e favorecer a convergência da inflação.
O documento afirma que a desancoragem das expectativas de inflação é um “fator de desconforto” comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida.
“O cenário de convergência da inflação à meta torna-se mais desafiador com expectativas desancoradas para prazos mais longos. A principal conclusão compartilhada por todos os membros foi de que, em um ambiente de expectativas desancoradas, como é o caso do atual, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado.”
No texto, o Comitê afirmou que seguirá acompanhando a atividade, o mercado de trabalho, o câmbio e as expectativas de inflação. O BC reiterou compromisso com a estabilidade de preços e disse que, embora projete manutenção dos juros por tempo prolongado, pode ajustar a rota se necessário.
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