Estoques da Americanas podem durar só 4 meses, dizem analistas
Questionada, a empresa afirmou que está operando normalmente e que tem níveis adequados de mercadorias para manter a oferta
Economia|Do R7
![Para analistas, falta de dinheiro em caixa pode antecipar falência da Americanas](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/KIC34KA5JNN3VNFJ2EE7IF5Q6U.jpg?auth=4b138d0755cc535c22bf8d976ceea88ca4d8218d5c231866752b51435f16b7d8&width=1280&height=627)
Desde 19 de janeiro, dia em que a Americanas teve seu pedido de recuperação judicial aceito pelo juiz da 4ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro, agentes do mercado calculam as possibilidades de a companhia não ter condições de manter suas operações e ir à falência antecipadamente. O novo questionamento é sobre o abastecimento das lojas e sua capacidade de reposição dos estoques.
Isso aconteceria em cerca de quatro meses, afirmam analistas e consultores de varejo. O motivo seria o funcionamento típico do setor, já que esse é o prazo tradicionalmente negociado com os fornecedores para a entrega dos pedidos.
Com o caixa bastante comprometido, já que teve seu patrimônio de R$ 7,8 bilhões reduzido para R$ 800 milhões, a Americanas pode enfrentar problemas para negociar com seus fornecedores, receosos quanto ao futuro da companhia e ao (não) pagamento dos produtos.
Outra aposta dos especialistas em comércio é que alguns parceiros de negócios comecem a exigir pagamento à vista, o que ficaria inviável para a empresa, que já tem o orçamento comprometido, tem salários e direitos trabalhistas de mais de 44 mil funcionários para pagar e ainda corre para tentar renegociar suas dívidas.
A "salvação" seria os acionistas de referência, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, fazerem um aporte robusto de capital, mas ainda não houve movimentação nesse sentido. No dia 22, por meio de um comunicado, eles se limitaram a dizer que jamais tiveram conhecimento de "manobras ou dissimulações contábeis" e nunca as admitiriam.
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"Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores", dizia a nota.
A realidade dos estoques da varejista deve ser conhecida apenas em 29 de março, data prevista para a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2022, que já considera o rombo de mais de R$ 42 bilhões nas contas da companhia.
Questionada pela reportagem do R7, a empresa enviou a seguinte nota:
"A Americanas reforça que mantém a oferta de produtos e serviços aos seus mais de 53 milhões de clientes, disponibilizando um sortimento amplo e diferenciado, que vai de chocolates a smartphones, em suas lojas, app e site.
O planejamento de estoque próprio é feito com bastante antecedência. A companhia segue com níveis adequados de estoque e está coordenando a revisão e redistribuição de produtos, buscando maior otimização de vendas e margens, ação que faz parte da dinâmica do varejo. As negociações comerciais seguem em ritmo saudável para a companhia e fornecedores com quem tem relações históricas.
O sortimento do marketplace voltou a patamares similares aos meses anteriores aos últimos acontecimentos. A força da marca Americanas, com mais de 90 anos de história, e a relação próxima e transparente com os lojistas parceiros abriu portas para a entrada de novos sellers neste período recente. A Americanas reitera que segue operando normalmente, focada na gestão do negócio e no propósito de oferecer a melhor experiência a seus clientes, parceiros e fornecedores."
A Americanas abalou o mercado nos últimos dias após anunciar na quarta-feira (11) que encontrou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões ligadas à conta de fornecedores e que o presidente-executivo, Sérgio Rial, decidiu deixar a companhia, apenas dez...
A Americanas abalou o mercado nos últimos dias após anunciar na quarta-feira (11) que encontrou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões ligadas à conta de fornecedores e que o presidente-executivo, Sérgio Rial, decidiu deixar a companhia, apenas dez dias depois de ter assumido o cargo. Entenda, a seguir, o que aconteceu com a rede varejista