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Ex-ministra defende educação pública como um direito para todos

Claudia Costin criou centro de pesquisa com a FGV em busca de soluções para o ensino brasileiro

Economia|Karla Dunder, do R7

Claudia Costin: educação para todos
Claudia Costin: educação para todos

“Educação é um direito humano básico”, afirma Claudia Costin, uma das vozes mais atuantes na educação brasileira. Claudia fala com a propriedade de quem acumulou passagens pela secretaria municipal de Educação do Rio de Janeiro, de Cultura no Estado de São Paulo e ainda foi ministra da Administração e Reforma do Estado no governo de Fernando Henrique Cardoso. Também foi diretora do Banco Mundial por dois anos.

Atualmente está à frente do Centro de Excelência e Inovação de Políticas Educacionais (Ceipe) da Fundação Getúlio Vargas, no Rio, em parceria com a Universidade de Harvard (EUA), onde mapeia iniciativas de excelência em educação pública.

— Nesse período em que estive no Banco Mundial, conheci iniciativas na área de educação em países em desenvolvimento, como a Índia, por exemplo. E percebi que o conceito de educação no Brasil estava se desfazendo, a educação brasileira não ensina a pensar, daí decidi voltar e organizar o Ceipe. O país só vai avançar se existir equidade, 87% das crianças estão em escolas públicas e é possível sim ter boas práticas e inovação nesse setor. 

O Ceipe funciona dentro do prédio da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas e tem como proposta a formação dos professores, a qualificação do ensino para a primeira infância e, claro, a igualdade na educação.


Uma das linhas de atuação do centro de pesquisa está em apoiar Estados e municípios em planos de educação.

— Eu mesma oriento com secretários de educação, ouço quais são as dificuldades, discuto os desafios e negociamos transformações.


A produção de conhecimento para educação pública por meio de pesquisas e a formação contínua de profissionais por meio de cursos estão entre as prioridades do Centro. No mês de maio, em uma parceria com a Universidade de Stanford, será oferecido um curso para formação de professores da educação infantil.

— Acredito que o ser humano deve continuar aprendendo ao longo de toda a vida e sabemos que é impossível ter educação de qualidade sem investir na qualificação do professor e também em salários mais justos.


O professor, na visão de Claudia, deveria ter acesso a um curso teórico, sim, mas também profissionalizante como ocorre com medicina.

— Na maioria das vezes os professores aprendem na prática, dentro das salas de aula. Os estágios não são levados tão a sério como deveriam, além da necessidade de ter tempo para preparar aulas. Em outros países, a formação é mais consistente e é continuada dentro da própria escola.

Além do investimento no professor, as escolas devem elaborar bons currículos que dialoguem com a realidade, que ensinem os alunos a pensar, mas também que forme cidadãos globais, que saibam respeitar o meio ambiente, sejam persistentes e tenham resiliência. 

Influência da mãe

— Todo o ser humano está ligado à educação e no meu caso era um projeto de vida.

Filha de imigrantes, o pai romeno não conseguiu concluir o ensino médio. Não tinha documentos que comprovassem a escolaridade e se dedicou aos negócios no Brasil. A mãe fugiu da Hungria, mas foi a primeira geração de analistas de sistemas.

— Minha mãe orientou a minha carreira. Primeiro aprendi com ela a importância dos estudos e seguir os sonhos porque ela foi atrás do que queria.

Decidida a cursar Educação mudou o rumo da carreira após a morte do irmão, para atender a um pedido do pai.

— Ele queria que eu cuidasse dos negócios. Descobri o curso de administração pública da FGV, que na época era gratuito. Um jeito de aproximar a administração do ensino público.

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