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Ex-presidente do BC defende Campos Neto e critica regra fiscal

Affonso Celso Pastore afirma que a proposta da equipe de Fernando Haddad vai 'cobrir gastos com aumento de receita'

Economia|Do R7

O BC (Banco Central) reduzirá a taxa básica de juros, a Selic, quando se sentir confortável para esse movimento. Foi o que avaliou Affonso Celso Pastore, sócio-fundador da A.C. Pastore & Associados e ex-presidente do Banco Central.

"Simplesmente estamos discutindo quando o Banco Central vai começar a baixar, quando omitimos o que segura juros em nível alto, que é a política fiscal expansionista", declarou Pastore durante o IX Seminário Anual de Política Monetária, promovido virtualmente pelo Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Pastore criticou a postura do governo, dizendo achar esquisito que se bata no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por estar fazendo seu trabalho.

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"Ele [BC] está fazendo o trabalho dele. Agora o juro, quando ele terminar de fazer o trabalho dele, vai estar muito alto", disse Pastore. "Existe um erro crasso da política fiscal, não do Banco Central."


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Quanto ao momento de início do ciclo de corte de juros, Pastore afirmou que não gosta de fazer projeções, mas deixou seu palpite: "Não vou dizer quando vai começar, mas acho que começa em agosto".

Para ele, em algum momento o BC vai cortar o juro, mas agora a inflação está alta e o mercado de trabalho vive um momento de pleno emprego.


Quanto à questão de gastos do governo, o economista criticou o arcabouço fiscal em votação no Congresso, dizendo que leva a um aumento das despesas.

"Esse que está aí espera cobrir gastos com aumento de receita, essa é a expectativa", resumiu. Para ele, o arcabouço não eliminou, mas reduziu o risco de um evento extremo (chamado tecnicamente de risco de cauda) de descontrole nas contas públicas.

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Ele calcula que a taxa de juros no Brasil vá cair, mas se manter acima da dos Estados Unidos, o que atrairá capital. Como não tem risco de cauda, o capital vem e mantém o real valorizado, estima Pastore.

No entanto, a política monetária do Fed deve ter reflexos na economia dos Estados Unidos nos próximos meses, com risco de recessão local, o que terá impactos também sobre a atividade econômica brasileira, que enfrentará uma desaceleração em alguns meses.

"Campos Neto estará no Banco Central em 2024", lembrou Pastore. "A pergunta é: a economia desacelera; o que o governo vai fazer? A gente vai assistir, no mínimo, no mínimo, a um acionamento de bancos públicos."

Pastore calcula que a taxa neutra de juros no Brasil fique mais alta nesse cenário. Segundo ele, o tema estará em discussão num horizonte de seis meses a um ano.

"Nenhum de nós consegue mudar a política econômica do governo americano, do Fed, do Banco Central do Brasil, do governo brasileiro", frisou. "O estado da natureza agora está muito melhor do que vai estar daqui a seis meses, a um ano. Eu vejo pela frente dificuldades no fronte da condução econômica."

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