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Financiamento da casa própria cai e volta ao nível de 2009

Total de empréstimos não ficava próximo dos R$ 20 bilhões havia oito anos

Economia|Diego Junqueira, do R7

Retomada do setor depende do crescimento econômico
Retomada do setor depende do crescimento econômico

O volume de empréstimos para compra e reforma da casa própria com recursos da poupança fechou o primeiro semestre de 2017 em R$ 20,6 bilhões, divulgou nesta quarta-feira (26) a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), entidade que representa as financiadoras. O valor é o menor desde o segundo semestre de 2009, quando o total de financiamentos ficou em R$ 20,56 bilhões.

O valor considera somente os empréstimos feitos com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que até o ano passado era a principal fonte do financiamento imobiliário, mas acabou sendo superada pelas linhas de crédito com recursos do FGTS, que possuem regras próprias e acabam sendo mais caras.

O financiamento imobiliário viveu anos de bonança a partir de 2010 — atingindo a marca de R$ 59,6 bilhões no segundo semestre de 2014 —, impulsionado pelo nível do emprego, os juros baixos, as expectativas e confiança elevadas, além de programas públicos como o Minha Casa Minha Vida.

De lá para cá, no entanto, a crise econômica impactou o mercado. Os empréstimos com recursos da poupança sofreram uma queda de 65,5% no período. Os valores consideram empréstimos tanto para a compra de imóvel novo e usado como para reforma e construção da casa própria.


De acordo com o presidente da Abecip, Gilberto de Abreu Filho, o péssimo desempenho da economia e a instabilidade política são os principais responsáveis pelo baixo volume de empréstimos.

— Naquele momento [em 2014], o consumidor estava mais animado, estava empregado. Chegamos a emprestar R$ 114 bilhões.


Agora, diz Abreu Filho, a análise de crédito também está mais rigorosa, diferente de três anos atrás.

Na comparação com 2016, os números da Abecip mostram queda maior nos financiamentos para o setor de construção (-13,1%) em comparação ao de aquisições (-7,9%). Com os recursos das cadernetas de poupança, foram financiadas 82,5 mil unidades entre aquisições e construções no primeiro semestre deste ano, ante 100,5 mil imóveis no mesmo período do ano passado (recuo de 17 9%).


Com os resultados a Abecip modificou a previsão do ano, que antes era de alta de 5% para queda de 3,5%

Para Luiz Antônio França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), tanto clientes quanto instituições financeiras adotaram "uma postura mais conservadora" em razão das dificuldades econômicas e da instabilidade política.

— O alto patamar de juros, que vigorou nos últimos dois anos, foi também um forte inibidor para o mercado imobiliário. Fica menos atrativo para o cliente e o financiamento imobiliário se torna menos interessante ao banco, quando comparado a outras modalidades de crédito.

Representante dos vendedores de materiais de construção, o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Conz, afirma que a escassez de crédito não tem influenciado o setor.

— O comércio de material de construção não vive do crédito imobiliário. A gente depende mais do consumidor que junta dinheiro e que faz financiamento de curto prazo.

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Posted by Portal R7 on Monday, July 24, 2017

Recuperação

O presidente da Abecip avalia que o mercado de financiamentos deve recuperar algum fôlego no segundo semestre deste ano. A redução da taxa básica de juros será o principal incentivador.

— A gente espera ver mês a mês essa melhora dos recursos do SBPE. A queda no primeiro semestre foi de 9%, mas a expectativa é fechar o ano com queda de 3,5%. À medida que você consegue colocar mais dinheiro no mercado, e a taxas mais baratas, isso estimula o consumidor a comprar e também o empresário a construir, e daí pode gerar um novo ciclo na economia.

Para França, da Abrainc, o mercado já está mostrando sinais de recuperação, com maior volume de vendas e lançamentos nos meses de abril e maio. Ele avalia que a confiança do comprador está voltando em razão da queda acentuada da inflação e dos juros.

Apesar da escassez de crédito, Conz prevê crescimento de 5% neste ano do mercado de materiais de construção. E vai melhorar mais, dize, “à medida que voltar o crédito, porque você tem que pensar que quando tem entrega [de imóvel], todo mundo faz adaptação”.

Mas a retomada do setor, segundo os entevistados, também depende da redução do nível do desemprego, que ainda se mantém no incômodo patamar de 14 milhões de desempregados.

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