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Galípolo terá ano desafiador à frente do Banco Central, avaliam economistas

No lugar de Campos Neto a partir de janeiro, economista terá de lidar com questões como controle inflacionário e credibilidade do BC

Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília

Galípolo assume cadeira de Campos Neto em 2025 Lula Marques/ Agência Brasil

Escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o Banco Central a partir do ano que vem, o economista Gabriel Galípolo assume a cadeira de Roberto Campos Neto em janeiro em um contexto de aquecimento econômico e incertezas fiscais. Economistas ouvidos pelo R7 afirmam que ele deve ter um ano “desafiador” à frente da instituição.

O economista Hugo Garbe, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica que, em 2025, a economia brasileira estará em um ponto crítico, equilibrando o controle inflacionário e a retomada do crescimento sustentável. “O sucesso [de Galípolo] dependerá de reformas estruturais e de um diálogo mais assertivo entre governo, mercado e sociedade para gerar estabilidade e confiança no longo prazo”, afirmou.

Nessa quarta-feira (11), no último encontro sob o comando de Campos Neto, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu de forma unânime aumentar a taxa básica de juros em um ponto percentual, para 12,25% ao ano. A alta foi a terceira consecutiva desde setembro, e a maior desde maio de 2022.

A decisão veio alinhada às expectativas do mercado financeiro, que projetava a elevação dos juros, e o Copom informou que, a depender da evolução da inflação nos próximos meses, pode promover novas altas de um ponto percentual na Selic.


O consenso entre os economistas ouvidos pela reportagem é de que Galípolo vai enfrentar diversas questões estruturais e conjunturais que moldarão a economia brasileira em 2025. Entre os principais fatores, estão o controle inflacionário, a credibilidade do Banco Central e o crescimento econômico limitado.

Segundo Garbe, a estabilização da inflação será “crucial” para a gestão de Galípolo. “Especialmente considerando os efeitos defasados das decisões de política monetária. O alinhamento entre política fiscal e monetária será essencial para evitar pressões inflacionárias adicionais”, afirmou.


Reafirmar a independência do Banco Central, segundo ele, será “central” para manter a confiança do mercado, “especialmente em um ambiente de maior intervenção política na economia”.

Na avaliação do economista, o cenário de crescimento econômico limitado também pesará sobre o futuro presidente do BC em 2025. “O Brasil deve enfrentar um cenário de crescimento moderado, com projeções abaixo de 2% para 2025, devido a fatores como alta dos juros, queda na confiança do consumidor e limitações estruturais no ambiente de negócios”, explicou.


Cenário geopolítico e dólar

Para Igor Medeiros, sócio da Andaluz Consultoria de Investimentos, Galípolo tem se mostrado uma “surpresa positiva” para o mercado, adotando uma postura técnica nas últimas reuniões e reafirmando o compromisso com a autonomia do Banco Central.

Medeiros reitera que a equipe econômica do atual governo precisará lidar com o crescimento das despesas obrigatórias, a necessidade de aumentar as receitas e a crescente competição pelo capital estrangeiro, que se torna mais forte e prefere emergentes pares ao Brasil. Além disso, ele cita, o cenário geopolítico também influenciará na próxima gestão do BC.

“Com a reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, pode criar um ambiente mais protecionista, o que afetaria o comércio exterior e o câmbio no Brasil”, afirmou.

A cotação do dólar vem renovando recordes consecutivos de fechamento desde que o governo federal apresentou as medidas de ajuste fiscal. As propostas para gerar uma economia de R$ 70 bilhões aos cofres públicos em dois anos não foram bem recebidas, após anúncio ter sido feito com o da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Segundo o analista, o fortalecimento do dólar poderá dificultar o cumprimento das metas de inflação, exigindo um gerenciamento cuidadoso da política monetária. “Por fim, a pressão no mercado de trabalho, especialmente nos serviços e na alta dos salários, continuará sendo um ponto crucial para a inflação”, avaliou.

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