Governo descarta divisão dos Correios para desestatização
Estudo descarta a venda de uma fatia minoritária e a divisão da empresa com base em regiões e tipos de serviços
Economia|Do R7
A primeira fase dos estudos para a desestatização dos Correios foi concluída, abrindo caminho para que a modelagem da venda da companhia seja concluída em agosto, informou o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) nesta terça-feira (16).
O estudo descarta a venda de uma fatia minoritária dos Correios e também a divisão da empresa entre múltiplos interessados com base em regiões ou tipo de serviços prestados.
Segundo o Conselho do PPI, tais alternativas "gerariam perdas de economia de escala que acabariam por pressionar ainda mais o equilíbrio financeiro da empresa. Além disso, os cenários de venda minoritária também foram descartados por pressionar o governo a arcar com a maior parte dos investimentos".
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O levantamento, iniciado em agosto passado e que conta com coordenação do BNDES, afirma que os Correios precisam de investimentos de cerca de R$ 2 bilhões por ano "em um momento em que a empresa não gera caixa suficiente para tal...o governo não tem como fazer estes aportes".
O investimento executado pelos Correios entre 2015 e 2019 somou cerca de R$ 720 milhões, segundo o estudo.
A expectativa do governo é que o projeto de lei (591/21) de desestatização dos Correios seja votado no Congresso até o fim do ano. Após a aprovação do Congresso e do TCU (Tribunal de Contas da União), o leilão poderia ser realizado.
Segundo o BNDES, a diretriz do estudo é permitir "a garantia da universalização do serviço postal e da qualidade do serviço, de forma que toda a população brasileira seja atendida conforme demanda e realidade de cada região e linha de serviço".
Os planos ocorrem no momento em que o comércio eletrônico tem crescido na esteira de medidas de isolamento social, com consumidores sem conseguir visitar lojas físicas.
O PPI aponta que os Correios investiram R$ 300 milhões em 2020 e que a necessidade de investimento para este ano seria de R$ 1,7 bilhão. Para 2025, a conta chega a R$ 2,6 bilhões. A fatia de mercado da empresa nos últimos anos, segundo o levantamento, caiu de 48% em 2017 para 43% em 2019.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) dos Correios em 2020 somou R$ 988 milhões, uma evolução de 46% sobre 2019. A margem cresceu de 3,7% para 5,7%, segundo o governo. A receita líquida, porém, recuou 6% no período, para R$ 17,7 bilhões.