Haddad defende Lula por críticas ao BC, mas rejeita transformar órgão em empresa pública
Ministro afirmou que, com autonomia financeira, Banco Central pode investir mais em tecnologia e qualificar trabalhadores
Economia|Do R7, com informações do Estadão Conteúdo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que é favorável à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que trata da autonomia do Banco Central no que diz respeito à autonomia financeira, mas que é contrário à transformação da autoridade monetária em empresa. Além disso, Haddad defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelas críticas feitas à política monetária adotada pela instituição. Segundo ele, Lula “tem todo o direito de se queixar”.
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Segundo o ministro, “uma coisa é discutir autonomia financeira, outra coisa é transformar numa empresa, criando uma figura nova que é o celetista estável e subordinar isso ao Senado, e não ao Conselho Monetário Nacional”.
Ele disse que com autonomia financeira o BC pode investir mais em tecnologia, qualificar seus trabalhadores. Mas defendeu que a PEC seja debatida por mais tempo, para melhorar a discussão e citou como exemplo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e a Susep (Superintendência de Seguros Privados), que poderiam ter de passar pelo mesmo processo e são instituições que regulam mercados muito importantes.
“Nós podemos fazer um bem bolado e criar uma instituição robusta que dê autonomia financeira para que elas executem a melhor função possível em proveito da sociedade brasileira. Estou totalmente dentro desse barco”, disse.
Haddad, contudo, pontuou que a autonomia do BC “é um desafio, até porque há, muitas vezes, posturas de autoridades deixam em dúvida a tal autonomia do Banco Central, que significa muita coisa”. “Significa uma série de protocolos que você tem que cumprir para não deixar dúvida que você não está tendo uma atuação partidária e nem uma atuação interessada.”
Segundo o ministro, “o presidente Lula tem todo o direito de se queixar”. “Ele é o primeiro presidente que está tendo o desafio de lidar por dois anos com um presidente do Banco Central indicado pelo governo anterior”, pontuou.
Haddad fez as declarações durante o 9º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).