Haddad espera que pacote fiscal não seja desidratado: ‘Governo está fazendo sua parte’
Ministro comentou eventual ataque especulativo e diz que pasta da Fazenda é pautada por ações em fundamentos
Economia|Ana Isabel Mansur e Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (18) que o governo Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo a sua parte em relação ao ajuste fiscal das contas públicas e disse acreditar que as medidas não serão desidratadas pelo Congresso Nacional, que pode votar parte dos textos ainda hoje. O responsável pela área econômica comentou eventual ataque especulativo, com a subida do dólar e intervenção no câmbio, e defendeu que as ações sejam pautadas em fundamentos.
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“Nós estamos fazendo a nossa parte, que é mandar as medidas e garantir que não sejam desidratadas, convencendo as pessoas de que são medidas necessárias para reforçar o arcabouço fiscal, do ponto de vista da despesa. Eu penso que está havendo uma compreensão boa, as conversas com os relatores estão boas... Mas não é um trabalho que se encerra. Nós vamos acompanhá-lo. Vamos fazer uma avaliação do que foi aprovado”, disse.
Haddad afirmou que está confiante de que as medidas não serão desidratadas. Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que o pacote fiscal não fosse alterado. O ministro da Fazenda tem acelerado o ritmo de negociação com parlamentares a fim de que os textos fossem votados da forma que foram enviados pelo Executivo.
“Estamos confiantes de que não vai haver desidratação, pelo menos nas conversas mantidas de segunda-feira para cá. Há aqui ou ali uma resistência, mas a princípio as coisas vão andar. Eu diria que a escala da contenção de gastos vai ser mantida. É importante manter isso num patamar próximo do desejado pelo Executivo para que não haja desidratação das medidas. Tudo que precisamos é garantir receita e despesa para cumprir as metas pretendidas. E estamos atuando nas duas pontas”, defendeu o ministro.
O responsável pela área econômica destacou que é necessária a ajuda vinda do Congresso Nacional. “Estamos no caminho certo, mas precisamos do apoio. Estamos vivendo numa democracia e precisamos da sensibilidade do Congresso Nacional. Muitas vezes fazer o bem exige certa coragem”. Haddad deu as declarações antes de encontro com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco.
Ataque especulativo e mercado
Haddad acrescentou que recebeu informações de eventual ataque especulativo, com a subida do dólar e dos jurus futuros, que são uma espécie de alicerce das taxas cobradas pelos bancos. “Mas eu prefiro trabalhar com os fundamentos, mostrando a consistência do que estamos fazendo em proveito do arcabouço fiscal para estabilizar isso. Pode estar havendo [o ataque], mas não estou querendo fazer juízo sobre isso porque [o Ministério] da Fazenda trabalha com fundamentos”, afirmou.
Recentemente, o Banco Central fez intervenções no câmbio, como a venda de dólares ao mercado e leilões de linha. Trata-se das primeiras medidas do tipo no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, justamente na tentativa de acalmar o estresse do mercado com o pacote fiscal. Na época de Jair Bolsonaro, foram mais de 300 ingerências. Como mostrou a reportagem, o dólar não deu trégua e volto a subir até R$ 6,16 no mercado à vista na manhã desta quarta-feira (18).
Além da espera pela conclusão das votações do pacote fiscal na Câmara dos Deputados, prevista para esta quarta, o mercado sustenta demanda cambial, em especial por empresas e fundos, para remessas de dividendos ao exterior ainda nesta semana, antes das festas de fim de ano. Integrantes da Fazenda alertaram sobre os impactos diretos nos preços e na inflação com a medida.