Indústria essencial não para e muda rotina de funcionário por segurança
Trabalhadores ganharam máscaras, transporte extra, mimos para a família e até bônus por estarem atuando durante a pandemia do coronavírus
Economia|Márcia Rodrigues, do R7
Profissionais que atuam na indústria essencial, que não pode parar em meio à pandemia de covid-19, viram sua rotina diária – inclusive a ida e a volta ao trabalho – mudar para evitar a contaminação do coronavírus.
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Quem ia ou voltava com transporte público, passou a ir de fretado ou ter reembolso do combustível para ir com o próprio carro ou moto. Quem estava acostumado com os horários fixos da van ou ônibus para chegar ou regressar da empresa, viu a escala ampliar para evitar aglomeração.
Todos sempre utilizando máscaras, higienizando as mãos com álcool em gel e mantendo o distanciamento seguro.
Alguns funcionários ganharam, inclusive, um bônus de 15% nos salários durante os três meses previstos de isolamento social.
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“A premiação foi uma forma de presentearmos nossos heróis que precisam sair de suas casas neste momento de tensão para não deixar a produção de remédios parar”, diz Marcel Fernandes, gerente de recursos humanos da planta de Suzano (a 51 km da capital de São Paulo) da indústria farmacêutica Sanofi.
O bônus e outras iniciativas da empresa foram comemorados por Rennan Martins, coordenador de produção.
“Ninguém esperava por uma iniciativa assim. Fomos surpreendidos de forma bastante positiva. Mostrou o reconhecimento da empresa por nós profissionais e o nosso trabalho.”
Ele conta que no começo da pandemia, todos os funcionários ficaram bastante apreensivos por terem de ir trabalhar em meio a tanta incerteza.
“A sensação era de impotência, mas logo começamos a receber uma série de comunicados sobre as ações que a empresa iria tomar e começamos a nos tranquilizar”, diz Martins.
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Entre as medidas que ele acredita que acalmaram os funcionários, estão:
• Medição da temperatura de todos na chegada ao trabalho;
• Escala para usar o vestiário;
• Demarcação de espaço em áreas comuns.
“A empresa também entregou uma carta e uma caixa de chocolate para as nossas famílias falando sobre o orgulho que tinham de nós e fazendo uma analogia da nossa atuação com a dos super-heróis. Nos deu uma forma a mais para continuarmos a trabalhar.”
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Outras medidas de segurança feitas pela empresa, estão:
• Suspensão das viagens nacionais e internacionais;
• Trabalhadores das áreas administrativa, vendas e do centro de distribuição estão em home office;
• Vans vão buscar funcionários em casa, respeitando o limite de seis a sete pessoas por viagem (antes eram 15);
• Reembolso do valor gasto com combustível por quilometragem para funcionários que decidiram ir com veículo próprio;
• Escala para utilização do refeitório e implementação do distanciamento social em cada bancada.
• Dispositivo com álcool em gel em todos os locais da empresa;
• Distribuição de máscaras descartáveis (para utilização dentro da empresa) e de duas máscaras reutilizáveis para usar em ambientes externos;
• Afastamento dos grupos de risco com remuneração (férias ou banco de horas);
• Vacina da gripe. Foi instalado um drive-thru na empresa para aplicar a vacina em funcionários e familiares com hora agendada.
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“Temos um nível de controle bastante rígido por sermos da indústria farmacêutica. Os funcionários já utilizam máscara, touca, jaleco, óculos e mantemos poucos profissionais em cada uma das máquinas por termos sistemas automatizados”, afirma Pedro Pittella, diretor de recursos humanos da empresa.
Linhas ganharam barreira de acrílico
Desde março, os 1.300 colaboradores da Nestlé seguem uma rotina de trabalho diferente. A começar pela ida e volta ao trabalho.
Os profissionais que atuam na parte administrativa estão trabalhando em home office.
Quem utilizava o transporte público, passou a contar com ônibus fretado ou está utilizando o seu veículo próprio.
Todos os dias, eles têm a temperatura medida logo que chegam à empresa. Os profissionais também receberam seis máscaras reutilizáveis.
“As linhas de produção que tinham aproximação menor do que 1,5 metro entre os operadores, foram reconfiguradas para aumentar o espaço. As que não tinham como alterar o formato, receberam barreira de acrílico para proteger os funcionários” conta Ismael Souza, gerente da fábrica da Nestlé em Araras (a 168 km da capital de São Paulo).
O distanciamento seguro, aliás, foi estabelecido em todas as áreas comuns da empresa, além da desinfecção dos ambientes.
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“O sistema do refeitório também mudou. Antes cada funcionário se servia no self-service e os talheres ficavam todos expostos para eles escolherem. Hoje um atendente coloca a comida nos pratos e eles recebem um kit com garfo, faca e colher”, diz o gerente da fábrica.
Souza diz, ainda, que o refeitório é higienizado a todo momento. Sempre que uma pessoa sai, um funcionário limpa o local antes que outro sente.
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A data da vacinação contra a gripe também foi antecipada do final de abril ou começo de maio, para março.
Campanha de prevenção e conscientização
Além de todos os procedimentos de segurança indicados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da Saúde, a indústria farmacêutica EMS vem investindo em ações educacionais, motivacionais e de conscientização dos colaboradores e família.
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Foram adotadas as seguintes campanhas:
• "Estamos aqui por vocês, fiquem em casa por nós", com a divulgação de fotos do engajamento e compromisso dos colaboradores nas redes sociais da empresa;
• “Nós pela Saúde” que divulga histórias e imagens dos colaboradores que sabem da importância do seu trabalho em nome da saúde da população;
• Criação de uma cartilha para a família do colaborador, com sugestão de atividades, por exemplo, para crianças em quarentena.
• Desenvolvimento de um portal sobre o novo coronavírus para passar informações e amparar o colaborador em suas dúvidas;
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Além do grupo de risco, a empresa também direcionou todas as funcionárias com filhos de até 12 anos para o home office, assim que o governo do Estado de São Paulo anunciou a suspensão das aulas.
Agradecimento e chocolate para os colaboradores
Josmar Alves, gerente da unidade da Seara em Amparo (a 128 km da capital de São Paulo), diz que além de cumprir todas as recomendações estabelecidas pela JBS, baseadas nas determinações da OMS e Ministério da Saúde, a direção também confeccionou uma faixa de agradecimento aos colaboradores.
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“Ainda neste mês de maio, estamos programando um almoço e jantar especiais para nossos colaboradores, além da entrega simples, porém sincera, de um chocolate para cada colaborador com uma mensagem de agradecimento a todos.”
A empresa também antecipou a vacinação dos funcionários e investiu em campanhas de conscientização e de cuidado nas áreas comuns, principalmente refeitórios, para evitar a contaminação.