Inflação de agosto aumenta chance de corte maior da taxa de juros em dezembro
Alta abaixo das expectativas abre caminho para queda de 0,75 ponto percentual da Selic na última reunião deste ano. Baixas de 0,5 ponto são previstas para os meses de setembro e novembro
Economia|Do R7
A alta de 0,23% da inflação ao longo do mês de agosto, abaixo das expectativas do mercado financeiro, reacende a possibilidade de uma política monetária menos restritiva, com queda de 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros no mês de dezembro.
Até o momento, os analistas do mercado financeiro consultados semanalmente pelo BC (Banco Central) sinalizam para três cortes de 0,5 ponto percentual da taxa Selic em cada uma das próximas três reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).
Andre Fernandes, especialistas em renda variável e sócio da A7 Capital, revela que, após a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), já era possível observar uma queda da curva de juros.
"[O resultado a inflação] pode reforçar as apostas do mercado para um corte de 0,75 ponto percentual na reunião de dezembro. Já para a próxima reunião o cenário segue inalterado para um corte de 0,5 ponto da taxa Selic", avalia Fernandes.
Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, a queda de 0,5 ponto da taxa básica em setembro já está precificada. No entanto, ele afirma que as próximas decisões vão depender dos futuros índices econômicos.
"Se esses dados da inflação continuarem vindo nessa dinâmica, é possível que o Banco Central acelere a queda de juros, mas isso vai depender totalmente da continuidade desses dados mais benéficos", observa.
Carla Argenta, economista chefe da CM Capital, também entende que a alta do IPCA menor do que a estimada pode alterar o rumo da política monetária. "Apesar da surpresa positiva frente as projeções do próprio BC, a sua característica abre portas para cortes mais intensos nas reuniões subsequentes", diz ela.
"O resultado pode ser considerado positivo se analisado sob a perspectiva da busca pela retomada da estabilidade de preços, objetivo atual do Banco Central. Esta hipótese se sustenta quando analisamos o índice sob a ótica das categorias de preço", completa Carla.