Inflação de higiene e alimentos pesa mais para famílias de renda muito baixa em dezembro
Segundo Ipea, índice médio de aumento de preços em 2022 foi de 6,83% para a faixa de renda alta e de 6,35% para os mais pobres
Economia|Do R7
As famílias de renda muito baixa sentiram mais a alta dos preços em dezembro de 2022 do que as de renda alta, especialmente pelo aumento nos gastos com produtos de higiene pessoal e alimentos, informou nesta quinta-feira (12) o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostra que a inflação de dezembro foi de 0,71% para o segmento de renda muito baixa e de 0,50% para o grupo de renda alta.
"No grupo saúde e cuidados pessoais, enquanto o principal foco de pressão para as classes de renda mais baixa foi o aumento de 3,7% dos produtos de higiene pessoal, para as famílias de renda alta pesou, sobretudo, o reajuste de 1,2% dos planos de saúde", disse a técnica Maria Andreia Parente Lameiras, na Carta de Conjuntura do Ipea.
Quanto aos alimentos, a especialista afirma que, mesmo com a ocorrência de deflação do leite e seus derivados, de 1,7%, e das frutas, de 1,6%, houve um forte impacto sobre a inflação em dezembro decorrente das altas dos cereais (4,5%), dos tubérculos (5,7%) e dos farináceos (1,4%), sobretudo para as classes de renda mais baixa.
"Por certo, para o segmento de renda alta, ao contrário do verificado nas demais faixas de renda, a segunda maior contribuição para a inflação em dezembro não veio do grupo alimentos e bebidas, mas do grupo despesas pessoais, repercutindo os reajustes de 0,8% dos bens e serviços de recreação", completou Maria Andreia.
Com o resultado, a inflação acumulada no ano de 2022 alcançou 6,83% na faixa de renda alta e ficou em 6,35% na faixa de renda muito baixa.
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O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), apurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, acelerou de 0,41%, em novembro, para 0,62%, em dezembro. A taxa acumulada em 2022 foi de 5,78%, ante 10,06% em 2021.
"Com a incorporação deste resultado, no acumulado de 2022 todas as faixas de renda apresentaram significativa desaceleração da inflação em relação ao observado no ano anterior. De acordo com o indicador, em 2022 as famílias de renda média baixa apresentaram a menor alta inflacionária (5,59%), e o segmento de renda alta foi o que apontou a taxa mais elevada no período (6,83%)", disse a profissional do Ipea.
O indicador do instituto separa em seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. O primeiro grupo é o das famílias com renda menor que R$ 1.726,01 por mês, considerada a faixa com renda muito baixa, e o sexto é o que tem renda mensal familiar acima de R$ 17.260,14, o de renda mais alta.