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Inflação já passa de 2 dígitos em quatro capitais do país

Curitiba lidera, com alta de 11,43%, seguida por Fortaleza (11,37%), Goiânia (10,67%) e Porto Alegre (10,37%)

Economia|Do R7

Na média nacional, prévia ficou em 9,30% no acumulado dos 12 meses até agosto
Na média nacional, prévia ficou em 9,30% no acumulado dos 12 meses até agosto

Pressionada pelo aumento da conta de luz, a inflação acumulada em 12 meses chegou à marca de dois dígitos em quatro capitais do país na prévia de agosto: Porto Alegre (10,37%), Goiânia (10,67%), Fortaleza (11,37%) e Curitiba (11,43%). Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (25).

Leia também: Prévia da inflação tem maior salto para meses de agosto desde 2002

Líder nacional de inflação, a região metropolitana de Curitiba registrou aumento de 26,19% na conta de luz de julho do ano passado a agosto deste ano, de acordo com o IBGE. Além do aumento de 52% do valor adicional da bandeira tarifária vermelha patamar 2, o custo mais salgado refletiu o reajuste da energia pela concessionária local no fim de junho, após a autorização da Aneel.

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Logo atrás de Curitiba, o custo de vida em Fortaleza tem sido mais pressionado, além da energia, pelos combustíveis. A gasolina comprada em um posto da capital cearense ficou, em média, 37,47% mais cara nos últimos 12 meses até agosto, segundo o IBGE. O óleo diesel ficou 31,89% mais caro. Já o gás veicular subiu menos, 18,55% acumulado de julho de 2020 a agosto deste ano.


Dados IBGE mostram que, na média nacional, o IPCA-15 foi de 9,30% em 12 meses até agosto, maior taxa desde maio de 2016 (9,62%). A inflação segue distante, portanto, da meta de inflação perseguida pelo Banco Central (BC) neste ano, de 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixa. O limite superior da meta é de 5,25%.

A última vez que o índice chegou a marca de dois dígitos pela média nacional foi em fevereiro de 2016 (10,84%), com a alta dos preços dos alimentos in natura.


Outros locais pesquisados pelo IBGE também registraram inflação acima da média nacional dos últimos 12 meses, embora não tenham atingido a marca de dois dígitos: Recife (9,88%) e Belém (9,85%). Belo Horizonte teve taxa de 9,30%, a mesma da média nacional. Ficaram abaixo Rio de Janeiro (7,93%), Brasília (8,27%), Salvador (8,31%) e São Paulo (8,64%).

Isoladamente no mês de agosto, o IPCA-15 foi de 0,89% em agosto, acelerando em relação ao mês anterior (0,72%). Foi a maior taxa para o mês de agosto desde 2002, quando avançou 1%. Foi também a segunda maior taxa para este ano, atrás apenas de março (0,93%). O resultado ficou acima da maioria das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast era de 0,84% para agosto, com intervalo de 0,65% a 0,92%.


Para Daniel Lima, economista do banco ABC Brasil, a disseminação da inflação em agosto aumenta a chance de uma elevação maior do que a prevista da taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Copom de setembro. Nos cálculos do banco, 73,17% dos preços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em agosto. Em julho, o chamado índice de difusão era de 6,93%.

“As pressões correntes podem puxar as projeções para o IPCA de 2021 e consequentemente de 2022, via uma inércia maior, e a probabilidade do cenário alternativo acaba aumentando”, afirma o economista, que prevê alta de 1 ponto porcentual da Selic em setembro, para 6,25% ao ano. No cenário alternativo, a Selic seria elevada em 1,25 ponto porcentual.

Marcos Mollica, gestor do Opportunity Total, fundo da gestora Opportunity, afirma que a leitura do IPCA-15 de agosto não trouxe qualquer alívio para o cenário inflacionário. Para ele, porém, não existe descontrole inflacionário, mas um nível elevado de inflação que “requer reação da Selic e cautela do Banco Central”.

Mollica projeta alta de 7,8% do IPCA em 2021, mas alerta que o índice pode mesmo ultrapassar 8%, especialmente se a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) decidir reajustar o valor adicional da bandeira vermelha 2 de energia elétrica. Se houver aumento de R$ 15, diz o gestor, o impacto no IPCA já seria de cerca de 0,20 ponto porcentual.

Em agosto, a energia elétrica residencial ficou 5% mais cara, exercendo o maior impacto (0,23 ponto porcentual) no IPCA-15 entre os subitens acompanhados pelo IBGE. A alta recente da energia reflete o reajuste de 52% do valor adicional da bandeira tarifária vermelha patamar 2, válida a partir de 1º de julho.

O economista Leonardo França Costa, da ASA Investments, diz que a inflação medida pelo IPCA deve continuar pressionada no curto prazo. Para ele, os preços administrados pelo governo, energia, combustíveis, são os que mais preocupam. “Eu ainda espero uma melhora do IPCA no quarto trimestre, mas as surpresas de curto prazo me deixam menos confiante”, disse o economista.

A prévia da inflação de alimentação e bebidas também chamou atenção em agosto, ao acelerar para 1,02% em agosto, de 0,49% em julho. O encarecimento dos alimentos era esperado por analistas, após as baixas temperaturas, registradas em parte do País no fim de julho e início de agosto, terem atingido plantações. O cenário já era desafiador por causa do impacto da estiagem sobre a oferta de produtos in natura.

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, avalia que a prévia da inflação de agosto não seria tão ruim quanto a de outros momentos. “Os núcleos vieram relativamente bem comportados, com uma aceleração em linha com o esperado. Na transmissão do IPCA-15 para o IPCA fechado, naqueles itens que se equivalem, não tivemos grandes alterações, já que passagens aéreas e educação vieram em linha”, disse ele.

A Ativa prevê arrefecimento de 0,96% em julho para 0,62% em agosto no IPCA fechado, a ser divulgado no início de setembro pelo IBGE. A projeção para a inflação oficial de 2021 foi mantida em 7%, mas pode subir para até 7,6% caso haja novo reajuste da Aneel na bandeira tarifária neste ano. Para 2022, a expectativa é de alta de 3,5%.

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