Inflação oficial desacelera em novembro puxada por queda na conta de energia
Tarifa residencial caiu 6,27% em novembro devido à cobrança da bandeira tarifária amarela, mais barata, a partir de 1º de novembro
Economia|Rafaela Soares e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
A inflação oficial do país perdeu força e marcou 0,39% em novembro, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (10). O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apresentou uma redução em relação a outubro, quando os preços aumentaram 0,56%.
A desaceleração foi influenciada principalmente pela queda no grupo de habitação, com destaque para a redução nos preços da energia elétrica.
Nos últimos 12 meses, o avanço acumulado está em 4,87%, acima do teto da meta estipulada pelo próprio governo, de 4,5%. No acumulado de 2024, ainda sem o mês de dezembro, o IPCA registra alta de 4,29%.
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O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a variação de preços para famílias que ganham até 5 salários mínimos, desacelerou para 0,33% em novembro, depois de dois meses de alta. Nos últimos 12 meses encerrados em novembro, o indicador acumula 4,84%.
Energia elétrica mais barata
A principal influência para o IPCA perder força em novembro veio do grupo habitação. A energia elétrica, vilã do orçamento das famílias brasileiras, ficou 6,27% mais barata, na média nacional, graças ao início de cobrança bandeira amarela a partir de 1º de novembro — mais em conta que a vermelha, que vigorou em outubro. O gás encanado também colaborou, com leve queda no mês passado.
Por outro lado, os custos com comida e transportes continuam a pesar no bolso do brasileiro.
No grupo alimentação e bebidas, a alimentação em casa ficou 1,8% mais caro em novembro, depois de outra alta registrada em outubro. A grande vilã dos preços foi a carne, 8% mais cara para os brasileiros só em novembro — a alcatra subiu quase 10%, enquanto o contrafilé aumentou 7,8%. Colaborou dentro desse grupo o óleo de soja, 11% mais pesado no bolso do brasileiro.
Já no grupo Transportes, o destaque negativo veio de passagens aéreas, quase 23% mais caras. Os preços dos combustíveis, normalmente vilões desse grupo, ficaram estáveis.
Resultados por grupo no IPCA de novembro:
- Alimentação e bebidas: 1,55%
- Habitação: -1,53%
- Artigos de residência: -0,31%
- Vestuário: -0,12%
- Transportes: 0,89%
- Saúde e cuidados pessoais: -0,06%
- Despesas pessoais: 1,43%
- Educação: -0,04%
- Comunicação: -0,10%
Inflação e taxa básica de juros
O Banco Central começa, nesta terça-feira, a última reunião do ano do Copom (Comitê de Política Monetária) para definir a nova taxa básica de juros da economia brasileira. Com a piora das expectativas inflacionárias, câmbio desvalorizado e crescimento da economia, o mercado financeiro aponta para uma elevação do ciclo de alta dos juros, com uma possível alta de 0,75 ponto percentual, chegando a 12% ao ano.
No entanto, um aumento ainda maior, de 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, não está descartado. A rodada de discussões termina nesta quarta-feira (11). O relatório Focus, divulgado na segunda-feira (9), indica que a Selic deve chegar a 12% em 2024. Para o ano que vem, a expectativa é que os juros cheguem a 13,5% ao ano, refletindo que o ciclo de aperto deve se estender ao longo de 2025.
É a última reunião do colegiado com Roberto Campos Neto à frente do Banco Central. O economista Gabriel Galípolo vai comandar a instituição a partir de 2025.