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Lançamento de imóveis desaba e pode encarecer a casa própria

Resultado negativo reflete queda de vendas, fuga da poupança e elevado nível dos juros, afirma CBIC

Economia|Do R7

Menos de 50 mil imóveis foram entregues no 1º trimestre
Menos de 50 mil imóveis foram entregues no 1º trimestre

O volume de lançamentos imobiliários no Brasil foi de 48.554 unidades no primeiro trimestre de 2023, número 44,4% menor em relação aos últimos três meses do ano passado (87.315), mostram dados revelados nesta segunda-feira (29) pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

De acordo com o vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, os números sinalizam um volume total baixo, de 273 mil unidades ainda a ser vendidas no país, o que pode resultar no encarecimento da casa própria.

"Se esse movimento de queda de lançamentos continuar, vão faltar unidades a serem vendidas e, consequentemente, ocorrerá um aumento de preços acima do esperado”, afirmou Petrucci, ao apresentar os resultados do mercado imobiliário.

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Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda indicada para o volume de lançamentos novos no Brasil é de 30,2%. "Se não fosse a cidade de São Paulo, a queda no Brasil teria sido de 38,8%", destacou o presidente da Brain Inteligência Corporativa, Fábio Tadeu Araújo.


Na análise entre as grandes regiões do Brasil, a maior redução do volume de lançamentos, de 86,9%, foi verificada nos estados do Norte (de 3.041 para 399 unidades). Em seguida, aparecem o Sudeste (-44,9%), o Centro-Oeste (-42,4%), o Sul (-40,1%) e o Nordeste (-39,7%).

No acumulado dos últimos 12 meses, a quantidade de lançamentos efetivados pela indústria da construção totaliza 288 mil unidades, valor que coloca o setor novamente no patamar atingido no início de 2021.


Vendas

Os números também mostram queda no número de unidades vendidas nas comparações anuais (-9,2%) e em relação ao último trimestre do ano passado (-5,2%). Os representantes do setor classificam os resultados negativos como um reflexo da insegurança presente na economia nacional.

“Essa insegurança do mercado resulta da escassez e encarecimento de recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) para o financiamento, da necessidade de revisão dos tetos de contratação do FGTS e da adequação da curva de subsídios e da alta taxa de juros”, destaca a CBIC.

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Entre janeiro e março deste ano, o volume de saques da caderneta de poupança superou o de depósitos em R$ 51,2 bilhões. Trata-se da maior retirada da série histórica, iniciada em 1995, para o período, de acordo com o BC (Banco Central).

A outra queixa do setor envolve o atual patamar da taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano, o maior desde 2017. "Com uma taxa de juros absurda, a opção de investimento na poupança passa a ser muito pouco atrativa, e as pessoas buscam outros investimentos", lamentou o presidente da CBIC, José Carlos Martins.

Segundo a associação, a baixa queda no número de vendas mostra que ainda existe procura por moradia no Brasil. "O mercado segue saudável e equilibrado, porque há demanda potencial. O que existe é falta de confiança do empresário, que refletirá no mercado futuro."

Minha Casa Minha Vida

Os números do programa Minha Casa Minha Vida seguem o resultado do setor consolidado de imóveis, com 48,9% de lançamentos a menos ao longo do primeiro trimestre deste ano, na comparação com o quarto trimestre de 2022. Quando o assunto são as vendas, a queda foi de 15,9%.

O movimento corresponde à continuidade da perda de participação de mercado do programa ao longo dos últimos anos. No primeiro trimestre de 2021, as unidades do Minha Casa Minha Vida representavam 56% dos lançamentos. No primeiro trimestre de 2022, a participação foi de 42% e diminuiu para 35% entre janeiro e março deste ano.

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