Logo R7.com
RecordPlus

Logística precária e juros altos são maiores travas para exportações brasileiras, diz CNI

Levantamento mostra impacto do transporte internacional, ineficiência portuária e barreiras comerciais na competitividade

Economia|Do R7, em Brasília

  • Google News

LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • A CNI alerta para os principais obstáculos às exportações brasileiras, com foco em logística e juros altos.
  • Transporte internacional é o principal problema, classificado como crítico por 58,2% das empresas.
  • A burocracia e a infraestrutura deficientes limitam a competitividade do setor exportador.
  • A pesquisa sugere medidas para melhorar a competitividade e a integração no comércio internacional.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Ineficiência no manuseio e embarque de cargas em portos é o segundo maior problema na exportação da indústria Tania Rêgo/Agência Brasil - Arquivo

A indústria mantém alertas importantes sobre entraves que pressionam as exportações brasileiras. Levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgado nesta terça-feira (9), mapeou os principais pontos de estrangulamento enfrentados por empresas que atuam no comércio exterior.

A nova edição da pesquisa Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras indica predominância de gargalos logísticos e macroeconômicos entre os itens mais citados.


O transporte internacional aparece no topo das queixas: 58,2% das empresas classificam o custo como fator de impacto elevado ou crítico.

Gráfico aponta, segundo a CNI, principais entraves na exportação brasileira CNI/Divulgação - 09.12.2025

Em seguida, ganham espaço a ineficiência no manuseio e embarque de cargas em portos (48,5%), falta de rotas adequadas e limitações de espaço ou contêineres (47,7%) e tarifas portuárias (46,2%). A volatilidade cambial surge como o principal obstáculo fora do campo da logística (41,8%).


O presidente da CNI, Ricardo Alban, observa que dificuldades domésticas continuam pesando sobre o desempenho do setor exportador. Segundo ele, a indústria enfrenta um cenário complexo, no qual entraves estruturais se combinam a pressões internacionais.

“Mais do que nunca é indispensável fortalecer a capacidade da indústria nacional de ganhar espaço em mercados exigentes e dinâmicos”, afirma.


Ele acrescenta: “O Brasil não pode perder tempo. Precisamos eliminar gargalos internos com ação coordenada entre governo e setor privado. As reformas devem contemplar tanto a melhoria da competitividade quanto a ampliação do acesso a mercados”.

O estudo reforça que a competitividade segue limitada por burocracia alfandegária, infraestrutura insuficiente e alta complexidade regulatória envolvendo comércio exterior.


Mudanças desde 2022

A CNI realiza o levantamento desde 2002. O transporte internacional liderou a lista de problemas também na rodada anterior, em 2022 — naquele momento, com 60,7% das respostas.

Neste ano, o item aparece com 58,2%, mostrando recuo discreto. Já a ineficiência portuária, hoje em segundo lugar, era mencionada por 26% das empresas e ocupava posição distante, a 14ª da lista.

A nova edição mostra melhora pontual no custo do transporte dentro do país, mas identifica avanço de dificuldades logísticas e institucionais, como reclamações sobre juros elevados.

Alban destaca: “Ao longo de duas décadas, a pesquisa tem colaborado com o aperfeiçoamento do ambiente de negócios, ao oferecer evidências concretas sobre as adversidades que minam a competitividade da indústria nacional”.

A gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri, reforça a importância da análise e diz que a elaboração do diagnóstico é imprescindível para a direcionar os caminhos e elencar prioridades na política de comércio exterior.

“Os resultados devem nortear a estratégia de política comercial brasileira e contribuir com a ampliação da participação do país no comércio mundial”, completa.

Barreiras externas continuam fortes

O levantamento mostra que 25,8% das empresas apontam a ausência de acordos comerciais com países de destino como obstáculo relevante. As respostas indicam também impacto de tarifas (22,7%), barreiras não tarifárias (21,7%), acordos insuficientes (20,9%) e regras ambientais consideradas restritivas (9,7%).

Um total de 31% das empresas relatam ter enfrentado bloqueios nos mercados compradores: tarifas de importação (67,2%) lideram a lista, seguidas por burocracia aduaneira (37,8%), normas técnicas (37%), medidas de defesa comercial (28,6%) e exigências sanitárias e fitossanitárias (25,2%).

Entre parceiros considerados prioritários para negociações futuras, surgem Estados Unidos (69%) e China (34%).

Tributos, normas e insegurança

A carga tributária incidente sobre serviços associados às exportações aparece como crítica para 32,1% das empresas. Regras complexas, dificuldades no ressarcimento de créditos e baixa adesão a regimes especiais, como Drawback e Recof, também são citadas.

A complexidade regulatória permanece como ponto sensível. 29,1% mencionam insegurança jurídica e 25% destacam problemas em legislações com sobreposições ou pouca efetividade.

A burocracia segue no radar: 27,3% apontam excesso de documentos, 26% citam falta de integração entre inspeções e 25% mencionam desorganização entre órgãos envolvidos no fluxo de comércio exterior.

Agenda para destravar exportações

Com base nos dados coletados, a CNI propõe um conjunto de medidas para elevar a competitividade. Entre as sugestões estão:

Financiamento

  • Diversificação de instrumentos e reestruturação do Seguro de Crédito à Exportação.

Tributação

  • Digitalização de regimes especiais e ampliação de acordos para evitar dupla tributação.

Logística

  • Implantação da Janela Única Aquaviária e de sistemas comunitários portuários, além de revisão de tarifas.

Facilitação de comércio

  • Conclusão do Portal Único de Comércio Exterior e fortalecimento do Programa OEA.

Integração internacional

  • Avanço dos acordos Mercosul–União Europeia e Mercosul–EFTA, retomada de agendas com EUA e Canadá e aprofundamento de pactos regionais.

Governança

  • Criação de um Observatório da Competitividade das Exportações e definição de metas anuais.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da RECORD, no WhatsApp

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.