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Lula critica presidente do BC na véspera de decisão que pode pôr fim ao ciclo de cortes dos juros

Copom deve manter taxa Selic em 10,50% ao ano na reunião desta quarta; segundo Lula, Campos Neto trabalha para ‘prejudicar’ o país

Economia|Do R7, em Brasília

Decisão sobre taxa de juros será divulgada nesta quarta-feira Joédson Alves/Agência Brasil e Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira (18) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pela manutenção da taxa básica de juros em dois dígitos. As críticas ocorrem na semana em que o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC decide sobre o futuro da Selic. A expectativa do mercado é de manutenção da taxa de juros em 10,50% ao ano, pondo fim ao ciclo de cortes iniciado em agosto de 2023.

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Segundo Lula, Campos Neto não demonstra “autonomia”, tem “lado político” e trabalha para “prejudicar” o país.

“Não tenha dúvida de que, quando eu terminar o meu mandato, o Brasil vai estar muito bem. Como esteve em 2010. Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante: o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país. Não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, afirmou Lula.

A declaração foi dada durante uma entrevista para uma rádio. Lula disse, também, que “o Brasil não pode continuar com a taxa de juros proibitiva de investimentos no setor produtivo”.


“Como vai convencer um empresário de fazer investimento se ele tem que pagar uma taxa de juros absurda? Então é preciso abaixar a taxa de juros, compatível com a inflação. A inflação está totalmente controlada. E [é preciso] que o Banco Central se comporte na perspectiva de ajudar esse país, e não atrapalhar o crescimento do país”, acrescentou.

Ciclo de cortes da Selic

O Copom iniciou nesta terça a reunião para definir a nova taxa de juros do país. A decisão vai ser divulgada a partir das 18h30 desta quarta (19).


Em sua última reunião, no início de maio, o Copom reduziu a taxa pela sétima vez consecutiva, para 10,50% ao ano. No entanto, a velocidade do corte diminuiu. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros básicos em 0,50 ponto percentual a cada reunião. Nesta última vez, a redução foi de 0,25 ponto percentual.

Segundo o comunicado do órgão, a decisão se deu porque “o ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”.


Além disso, os membros do colegiado mostraram preocupação com as expectativas de inflação acima da meta e, “em meio a um cenário macroeconômico mais desafiador do que o previsto anteriormente”, não previram novos cortes na taxa Selic. A extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa, segundo a ata da última reunião, “serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.

A votação não foi unânime. Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros do comitê: Campos Neto, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic.

Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 em 10,50% ao ano. Para o fim de 2025, a estimativa é de que a taxa básica caia para 9,50% ao ano. Para 2026 e 2027, a previsão é que ela seja reduzida novamente, para 9% ao ano.

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