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Mercado repercute a indicação de Galípolo para presidir o Banco Central

Nome foi bem-recebido, mas a dúvida é como ele se sairá nas questões que envolvem necessidade de aumento de juros

Economia|Do R7


Gabriel Galípolo, indicado para presidir o Banco Central MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO - 28.08.2024

A indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva não surpreendeu, porque o nome do economista já era cotado para o cargo. Próximo ao presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Galípolo teve sua indicação bem-recebida. Mas a dúvida é como ele se sairá nas questões que envolvem necessidade de aumento de juros. Veja a seguir repercussão do mercado financeiro.

Para Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital:

“Desde meados do ano passado, seu nome já estava vinculado ao Copom, e as preocupações iniciais sobre uma possível influência política petista foram sendo gradualmente dissipadas. Em primeiro lugar, Galípolo demonstrou uma postura consistente com o mandato da instituição, adotando uma abordagem firme na condução da política monetária, especialmente quando as expectativas de mercado se desestabilizaram.

Em segundo lugar, seus discursos e atitudes têm sido muito semelhantes aos dos outros membros do Copom, incluindo aqueles indicados pelo governo anterior, o que evidencia a prevalência do critério técnico nas decisões de política monetária entre os indicados pelo novo governo.


Em terceiro lugar, o Banco Central está agora protegido por normas e regras que evitam ingerências políticas e pressões do Executivo. Nesse contexto, o período em que Galípolo integrou o Comitê de Política Monetária ajudou a consolidar sua credibilidade no mercado, reduzindo significativamente as preocupações que antes cercavam seu nome. Portanto, quando Gabriel Galípolo assumir a presidência do Banco Central, a instituição deverá continuar a focar com responsabilidade nas suas metas primárias, especialmente no controle da inflação.”

Para Evandro Buccini, sócio e eiretor de gestão de crédito e multimercado da Rio Bravo Investimentos:


“Sobre Galípolo, o principal ponto a destacar é que sua nomeação já era amplamente esperada. Portanto, as reações do mercado não têm grande relevância aqui, apesar de ter havido um leve movimento de desvalorização no câmbio. Galípolo possui um perfil mais político comparado aos recentes ocupantes do cargo, mas também é economista e tem experiência bancária, o que o mantém conectado ao mercado financeiro.

Ele já foi secretário-executivo e teve um papel ativo na campanha de Lula, o que adiciona uma dimensão política ao seu perfil. Sua atuação como diretor do Banco Central foi breve e marcada por dois períodos distintos: inicialmente, um período mais dovish (preferindo cortar juros), no qual ele foi um voto vencido ao defender cortes maiores, e mais recentemente, um período mais hawkish (preferindo aumentar juros), onde ele foi possivelmente o membro mais hawkish do colegiado.


É provável que, para ganhar credibilidade, Galípolo vote a favor de um aumento na taxa de juros na próxima reunião, alinhando-se com seu discurso. No entanto, resta saber se essa postura será mantida, já que ele não segue os mesmos modelos que a maioria no Banco Central, mas se adaptou rapidamente à instituição e passou a falar a mesma linguagem dos demais membros.

No curto prazo, não se esperam grandes volatilidades ou surpresas. No entanto, a verdadeira avaliação de sua atuação e seu alinhamento com o novo governo será mais clara após um período, especialmente considerando que o governo ainda precisa nomear três diretores, incluindo a substituição de Galípulo. Portanto, acredito que só no final do próximo ano, ou cerca de seis meses após a nomeação, poderemos realmente entender seu impacto e suas decisões.”

Para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike:

“Gabriel Galípolo, indicado para assumir a presidência do Banco Central do Brasil, traz consigo uma vasta experiência no setor financeiro e acadêmico. Como diretor de Política Monetária, ele demonstrou uma abordagem pragmática e técnica, o que pode significar uma continuidade na atual política de juros. No entanto, sua ligação estreita com o governo pode sugerir um alinhamento maior com as diretrizes econômicas do executivo. Isso poderia resultar em um Banco Central mais receptivo a políticas que busquem um equilíbrio entre controle da inflação e estímulo ao crescimento econômico. A sua gestão poderá influenciar a percepção de independência do BC e impactar a confiança dos mercados.”

Para Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest:

Acredito que, com a entrada do Galípolo no Banco Central, ele precisará adotar uma postura moderada por dois motivos principais. De um lado, ele enfrentará a pressão do governo, que deseja reduzir os juros para aumentar a oferta de crédito e impulsionar o consumo e os investimentos. No entanto, essa abordagem pode elevar o risco de instabilidade econômica, gerando preocupação no mercado. Por outro lado, ele deve considerar os interesses dos investidores e do mercado de capitais, que exigem cautela e um ambiente financeiro previsível. Portanto, é fundamental entender a visão que Galípolo trará para sua gestão. Embora eu acredite que sua tendência será de reduzir os juros, não creio que veremos cortes expressivos. Em minha opinião, uma redução pequena, algo em torno de 0,2%, seria mais provável. Um corte maior, como 0,5%, seria significativo demais para o momento atual. A estratégia dele deve ser buscar um equilíbrio que beneficie tanto a economia quanto os investidores, evitando medidas radicais e focando em ajustes graduais para estabilizar o cenário econômico.”

Para Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus:

“A nomeação de Galípolo não é uma surpresa para ninguém. De fato, não havia outros nomes relevantes sendo cogitados para o cargo de presidente, e Galípolo já vinha demonstrando um perfil de alinhamento com o governo, assumindo uma postura quase presidencial. Mesmo quando mencionou a possibilidade de aumentar os juros, essa declaração parecia mais uma medida voltada para a política monetária e para desacelerar o dólar do que uma tentativa de demonstrar uma independência em relação ao governo.

É evidente que, internamente, ele sabia que não haveria uma necessidade iminente de aumentar os juros, e suas declarações podem ter sido, em parte, uma estratégia para influenciar o valor do dólar. Não seria surpresa se isso tivesse sido discutido com a Haddad e outras partes envolvidas. Quando Haddad anunciou a nomeação de Galípolo, este fez uma breve coletiva, expressando sua felicidade e preocupação com a grande responsabilidade do cargo, mas não respondeu a perguntas dos jornalistas.

A nomeação, como esperado, não gerou grandes reações no mercado: a bolsa, o dólar e o DI mantiveram-se positivos, refletindo que essa decisão já era amplamente antecipada. A verdadeira avaliação de como Galípolo lidará com as questões econômicas será feita apenas após a primeira reunião de janeiro. Lembrando que ainda há a sabatina e a confirmação formal, o anúncio antecipado visou facilitar a transição, conforme solicitado por Campos Neto. Portanto, a nomeação não trouxe grandes surpresas e seguiu a expectativa de que Galípolo seria o escolhido, dada a falta de outros nomes relevantes em discussão no mercado. É, portanto, uma continuidade do que já era esperado.”

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