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Metade das indústrias enfrenta falta de trabalhador qualificado

Segundo pesquisa da CNI, falta de mão de obra qualificada pode impactar a retomada da economia e virar gargalo para aumento da produção no país

Economia|Ana Vinhas, do R7

A área de produção é a mais afetada nas empresas, diz pesquisa
A área de produção é a mais afetada nas empresas, diz pesquisa

Apesar da taxa de desemprego de 11% no último trimestre de 2019, cinco em cada dez indústrias brasileiras enfrentam problemas com a falta de trabalhadores qualificados. Segundo pesquisa Sondagem Especial – Falta de Trabalhador Qualificado, da CNI (Confederação Nacional da Indústria), feita com 1.946 indústrias de todo o país, o problema pode se tornar o principal gargalo para o crescimento da economia do país.

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O levantamento avalia que a má qualidade da educação básica é um obstáculo enfrentado pelas empresas que investem em ações de formação da mão de obra. "A falta de trabalhadores qualificados deve se agravar à medida que o ritmo da economia aumentar, afetando o crescimento da produtividade e da competitividade do país", afirma o economista Renato Fonseca, gerente-executivo de Pesquisas e Competitividade da CNI.

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Em 2013, quando a taxa de desemprego era de 7%, o número de empresas que tinha dificuldades para encontrar mão de obra qualificada era de 66%, mesmo percentual registrado em 2011, quando o país estava próximo do pleno emprego.

"A pesquisa atual mostra que estamos com um problema sério na economia brasileira, que vai dificultar a retomada. A grande surpresa é que, apesar da elevada taxa de desemprego e do aumento da informalidade, metade das empresas está com problema de contratação e de mão de obra. Ou seja, quando a indústria voltar a crescer, ela não vai ter uma oferta de trabalho adequada", avalia Fonseca.


Solução

Para o economista, a solução do problema depende de ações no curto e no médio prazo. “De imediato, é necessário um esforço de qualificação e de requalificação da força de trabalho. No longo prazo, é preciso intensificar os esforços para melhorar a qualidade da educação básica no Brasil, priorizando a educação profissional.” 


Setores com mais dificuldades

O setor de biocombustíveis é o que mais enfrenta dificuldades com a falta de mão de obra qualificada: 70% das empresas do setor dizem que têm problemas com a qualificação dos trabalhadores. Em seguida, vêm o setor de móveis, em que 64% dos empresários reclamam da falta de profissionais qualificados.

E, em terceiro lugar, empatados, aparecem a indústria do vestuário e de produtos de borracha. Em cada um desses setores, 62% dos industriais relatam a mesma dificuldade. Na indústria têxtil e de máquinas e equipamentos, o número é de 60%.

O problema atinge todas as áreas das empresas. Mas é maior na área de produção. Entre as empresas que relatam a falta de trabalhador qualificado, 96% afirmam que têm dificuldades para contratar operadores. Também há falta de profissionais qualificados para as áreas de vendas e marketing (82%), administrativa (81%), engenharia (77%), gerencial (75%) e pesquisa e desenvolvimento (74%).

Investimento

A pesquisa mostra também que as empresas procuram capacitar os trabalhadores. Mais de nove em cada dez empresas que relatam a falta de mão de obra qualificada têm políticas e ações para lidar com o problema.

Entre as ações, se destacam, em primeiro lugar, a qualificação na própria empresa, com 85% das respostas. Em seguida, com 42% das menções, aparece a capacitação fora da empresa (cursos externos) e, em terceiro lugar, com 28% das citações, o fortalecimento da política de retenção do trabalhador.

“O Brasil paga caro por ter focado em um ensino médio generalista voltado para o ingresso nos cursos superiores. Cerca de 2 a cada 10 estudantes que concluem o ensino médio alcançam a educação superior. O restante dos estudantes, incluindo aqueles que abandonaram o ensino médio por falta de perspectivas, entra no mercado de trabalho sem preparo, sem uma profissão”, conclui a pesquisa. 

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