Metade dos brasileiros têm compras parceladas, diz pesquisa
Quase 83 milhões de pessoas estão com o orçamento prejudicado devido ao parcelamento de produtos. 69% parcelam as compras no cartão de crédito
Economia|Raphael Fernandes*, do R7
Pesquisa realizada pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), divulgada nesta quarta-feira (22), mostra que em todas as capitais do Brasil mais da metade dos brasileiros adultos (53%) realizou alguma compra parcelada. Aproximadamente 82,7 milhões de brasileiros estão com o orçamento comprometido, seja para pagamento de compras no cartão de crédito, cartão de loja, crediário ou cheque pré-datado.
Quase um terço das pessoas entrevistadas afirmaram que não possuem compras parceladas, porém outros 16% não foram capazes de responder quantas prestações tiveram que pagar no último mês. Em média, as pessoas que possuem alguma compra parcelada demorarão cinco meses para quitar todas as prestações. O tempo mais que dobra quando se fala de empréstimos e financiamentos, 11 e 12 meses, respectivamente.
Dentre os dados apurados, há um que requer mais atenção. 13% dos entrevistados não acham necessário realizar nenhum tipo de análise ou avaliação antes de contratar algum tipo de crédito. Entre os consumidores que tomam cuidado, 35% acham importante ter conhecimento sobre o próprio orçamento para ter certeza que será possível realizar o pagamento das prestações, 35% procuram se informar a respeito dos juros e 28% se preocupam com o valor de todas as tarifas cobradas.
No momento de realizar a compra parcelada, 39% dos consumidores optam pelo menor número de prestações, enquanto 34% preferem sempre a maior quantidade, caso não haja cobrança de juros.
Segundo o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, os instrumentos de crédito podem ser um aliado do consumidor. “O crédito permite às pessoas ampliarem seu poder de compra adquirindo produtos que levariam anos para serem comprados à vista. O problema é que se ele for utilizado sem responsabilidade e planejamento, essa dívida pode ser nociva para a vida financeira do consumidor”, afirmou Vignoli.
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Ainda de acordo com o levantamento, os produtos que os consumidores mais parcelam são os eletrônicos (65%), roupas, calçados e acessórios (44%), remédios (32%), alimentação fora de casa e delivery (26%) e compras de supermercado (26%). Em todos os casos, cartão de crédito é a forma de parcelamento mais mencionada (69%). O crediário e o cartão de loja ficaram empatados na segunda colocação com 9% cada. O cheque pré-datado apresenta apenas 1% do total.
No mês de maio, 69% das pessoas tinham a intenção de adquirir produtos e serviços de forma parcelada, sendo a compra de aparelhos eletrônicos (24%) o principal interesse de compra.
Seis em cada dez brasileiros admitiram ter realizado alguma compra somente por impulso. As lojas online são as que mais estimulam as compras não planejadas, com 39% de citações. Os números também revelam que, em muitos casos, pode ser mais vantajoso pagar à vista. 59% dos entrevistados conseguiram algum desconto ao pagar por uma compra em dinheiro ou no débito no último mês de março.
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“Pagar à vista é uma forma eficaz de economizar, pois evita o pagamento de juros, que geralmente estão embutidos nas parcelas. É comum comerciantes oferecerem descontos em compras realizadas no dinheiro, já que nesses casos eles podem abater as taxas da máquina de cartão. Então, o consumidor deve deixar a timidez de lado e pechinchar sempre”, concluiu José Vignoli.
Metodologia
A pesquisa ouviu 805 consumidores com mais de 18 anos, de ambos os gêneros, todas as classes sociais e residentes das 27 capitais do Brasil. A margem de erro é de no máximo 3,4 pontos percentuais para uma margem de confiança de 95%.
Estagiário do R7, sob supervisão de Ingrid Alfaya