Microsoft compra 4% da Bolsa de Londres por R$ 10,6 bilhões
Aquisição confirma os recentes laços entre as grandes empresas de tecnologia e companhias financeiras
Economia|Do R7
A Microsoft anunciou nesta segunda-feira (12) a compra de participação de 4% na Bolsa de Valores de Londres por R$ 10,6 bilhões (US$ 2 bilhões), no mais recente sinal de que as fronteiras entre as grandes empresas de tecnologia e as companhias financeiras estão se misturando.
A Bolsa de Valores de Londres disse que o acordo trará um aumento "significativo" de receitas após 2025 a partir da venda de produtos por meio de aplicativos da Microsoft para ampliar a base de clientes, juntamente com melhores preços de produtos, mas não forneceu mais detalhes.
O aprofundamento dos laços entre grandes empresas globais de computação em nuvem, como Microsoft, Google, Amazon e IBM, e companhias como bancos e bolsas de valores, tem levado reguladores a examinar essas relações mais de perto.
A Microsoft tem um relacionamento de longa data com a bolsa londrina, mas há cerca de um ano as empresas começaram a conversar sobre um relacionamento mais estratégico, disse David Schwimmer, presidente-executivo da LSEG.
Em novembro de 2021, o Google anunciou investimento de R$ 5,3 bilhões (US$ 1 bilhão) no CME Group para mover os sistemas de negociação da bolsa de derivativos dos Estados Unidos para uma plataforma baseada em computação em nuvem.
No mesmo mês, Nasdaq e Amazon anunciaram uma parceria de vários anos para mudar os sistemas de negociação da bolsa norte-americana para sistemas de computação em nuvem.
Os reguladores expressaram preocupação com o excesso de confiança das empresas financeiras em poucos provedores de serviços de computação em nuvem, dado o potencial impacto no setor caso um desses provedores sofra problemas.
A União Europeia acaba de aprovar uma lei que introduz salvaguardas para provedores de computação em nuvem em serviços financeiros, com o Reino Unido pronto para seguir o exemplo.
A Bolsa de Valores de Londres disse que o vínculo com a Microsoft, que dá à gigante de tecnologia um assento no conselho da LSEG, é uma parceria para colher os benefícios do "preço baseado no consumo", e não um acordo tradicional do setor de serviços de processamento de dados.
"Continuaremos a manter nossa estratégia multinuvem e a trabalhar com outros provedores", disse Schwimmer. Os custos incrementais dos negócios totalizarão 250 milhões a 300 milhões de libras entre 2023 e 2025, com um impacto de 50 a 100 pontos base na margem Ebitda durante esse período de dois anos.
A LSEG comprou a Refinitiv por US$ 27 bilhões de um consórcio da Blackstone e Thomson Reuters, o que a transformou na segunda maior empresa de dados financeiros depois da Bloomberg. A Microsoft comprará ações da Bolsa de Valores de Londres do consórcio Blackstone/Thomson Reuters, disse a LSEG.
A Thomson Reuters, dona da Reuters News, tem uma participação minoritária na bolsa londrina após o acordo com a Refinitiv. A aquisição de participação pela Microsoft deve ser concluída no primeiro trimestre de 2023.