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Mortes por acidentes elétricos crescem 12,6% e expõem falhas de fiscalização, aponta entidade

Levantamento da Abracopel reúne choques elétricos, incêndios e descargas atmosféricas; país teve 759 mortes em 2024

Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Brasil teve 759 mortes por acidentes elétricos em 2024, um aumento de 12,6% em relação a 2023.
  • Os choques elétricos causaram a maioria das mortes, seguidos de incêndios e descargas atmosféricas.
  • A falta de fiscalização e a baixa qualificação técnica dos profissionais agravam o número de acidentes.
  • Conscientização da população é essencial para reduzir os acidentes elétricos no país.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Brasil registrou 759 mortes por acidentes de origem elétrica em 2024 Rovena Rosa/Agência Brasil

O Brasil registrou 759 mortes por acidentes de origem elétrica em 2024, segundo o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2025 (ano-base 2024), divulgado nesta semana pela Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). O número representa alta de 12,6% em relação a 2023, quando foram contabilizados 674 óbitos.

Ao todo, o país teve 2.354 acidentes de origem elétrica em 2024, aumento de 11,6% na comparação com o ano anterior.


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Os choques elétricos responderam por 1.077 ocorrências e 759 mortes. Os incêndios de origem elétrica somaram 1.186 registros, com 50 mortes. As descargas atmosféricas geraram 91 acidentes, dos quais 31 resultaram em óbito.

Em entrevista ao R7, o diretor executivo da Abracopel, Edson Martinho, afirma que a ausência de fiscalização e a falta de qualificação técnica estão entre os principais fatores que sustentam o avanço dos acidentes. Segundo ele, o primeiro passo para reduzir as ocorrências é garantir que todas as instalações sigam as normas técnicas oficiais da ABNT.


“A primeira regra é fazer com que todas as instalações sejam construídas a partir de um projeto elétrico realizado por um profissional habilitado, como um engenheiro eletricista ou um técnico em eletrotécnica, e que sigam todas as regras das normas técnicas. Daí, quando você vai executar, você tem que executar ela de acordo com o projeto”, afirma.

Martinho destaca que hoje não existe uma certificação obrigatória das instalações elétricas ao final das obras. “O ideal seria ter uma certificação da instalação elétrica quando você vai entregar a obra. Isso garante que você entregue ela dentro das normas, mas não garante que a manutenção será feita de acordo com isso. A certificação tem hoje como voluntária e não obrigatória.”


Ele aponta que a falta de fiscalização contribui diretamente para a continuidade do problema. “É o que eu sempre digo: a dor e o amor. A dor é você ter a fiscalização e punir. O amor é você entender que a instalação elétrica é perigosa e que tem uma série de riscos e que precisam ser controlados.”

Baixa qualificação

Para Martinho, a baixa qualificação dos profissionais que atuam em obras e instalações residenciais também agrava o cenário.


“Nós temos hoje uma grande parte das instalações elétricas, principalmente residenciais e comerciais, feita por profissionais que não têm o mínimo de conhecimento. O que acontece é que eles fazem coisas absurdas, usam produtos de má qualidade, instalam à revelia as coisas, sem seguir um planejamento e regras de segurança.”

Os dados do anuário confirmam a recorrência dos acidentes nesses ambientes. Em 2024, as redes de distribuição foram responsáveis por 458 ocorrências e 293 mortes. As áreas residenciais registraram 295 acidentes e 248 mortes.

Normas

Entre as normas citadas, a NBR 5410 — aplicável a instalações residenciais, prediais e comerciais até 1.000 volts — é a principal referência de segurança nas edificações. Já para ambientes de trabalho, a NR-10 determina diretrizes de proteção para quem atua com eletricidade.

“A NR 10 é uma norma regulamentadora, não é da ABNT. Mas ela é extremamente importante porque versa sobre a segurança de quem trabalha com eletricidade. Portanto, se você seguir as regras da NR 10, elas vão garantir que você não se acidente como profissional e também a segurança de quem usa a eletricidade”, explica.

Conscientização

Para reduzir o número de vítimas, Martinho aponta que a conscientização da população é hoje a única frente capaz de gerar resultados imediatos.

“A conscientização é o principal. Ou seja, você tem que chegar em toda a população e mostrar para eles que as pessoas sofrem acidentes, que um choque elétrico acima de 50 volts já pode matar um ser humano, isso em área seca, 25 volts em área molhada.”

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