Mulheres à frente de franquias têm faturamento maior que homens
Segundo levantamento, redes operadas pelo público feminino têm rendimentos 30% maiores que àquelas que tem homens à frente do negócio
Economia|Pietro Otsuka*, do R7
Segundo levantamento realizado pela Rizzo Franchise, consultoria especializada em franquias, as redes operadas por mulheres faturam 30% a mais que àquelas comandadas por homens. Além disso, de acordo com a pesquisa “Liderança Feminina no Franchising”, realizada pela ABF (Associação Brasileira de Franchising), quase metade das unidades franqueadas no país são lideradas pelo público feminino.
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Entre diversos motivos, a empresária Carla Sarni, fundadora da Sorridents Clínicas Odontológicas, reconhecida como melhor e maior rede odontológica da América Latina, com 329 unidades em 16 estados, elenca características presentes nas mulheres que explicam o sucesso do público feminino à frente de redes franqueadas. “As mulheres têm uma sensibilidade maior nos negócios e são movidas pela emoção. E são exatamente os sentimentos de emoção, vontade de vencer, adrenalina e a sensação de dever cumprido que faz qualquer empreendedor atingir o objetivo”, diz Carla.
Segundo ela, as mulheres também são mais críticas, detalhistas e organizadas. “São características que as deixam com um poder de decisão mais assertivo. Além de que quase 80% das decisões de compra no consumo e serviços são feitas pelas mulheres”, explica.
O gerente de rede da franquia Empresta Bem Melhor, Douglas Andrade, comenta que no universo financeiro é possível ver com nitidez esses pontos. “Em nosso segmento, por exemplo, é necessário foco e presença, além de paciência. As mulheres em geral, como visto em nossas franqueadoras, conseguem lidar com todas essas necessidades e ainda mantem o espírito de liderança aceso para comandar e gerar resultados”, ressalta.
“Fico feliz em saber que nós mulheres estamos conquistando cada vez mais o nosso espaço no competitivo mundo dos negócios. Acredito que temos potencial para fazer a diferença na história econômica deste país”, afirma Carla.
Salário, oportunidade e duplas jornadas
O cenário é animador, mas, apesar de faturarem mais, as perspectivas de sucesso do público feminino no franchising ainda esbarram em problemas recorrentes de uma sociedade historicamente machista e patriarcal. Um dos principais motivos para isso, deve-se, principalmente, a falta de oportunidade e flexibilidade em comparação aos homens. “Infelizmente, uma realidade muito presente ainda são mulheres que realizam dupla ou tripla jornada e não conseguem conciliar o negócio próprio com outros afazeres”, aponta Andrade.
Além das diferenças em oportunidades, a diferença salarial entre homens e mulheres também é um problema que continua a se expressar. “Ainda temos muito para conquistar nesta batalha. A desigualdade salarial ainda é um entrave gritante no comparativo de cargos entre homens e mulheres. Isto não tem lógica nenhuma. Se uma mulher tem uma performance melhor deve ganhar mais, se for o homem é ele quem deve ganhar mais. Se os dois têm o mesmo potencial devem ganhar a mesma coisa. O critério de reconhecimento deve ser vinculado ao potencial, foco, persistência, trabalho e não ao sexo. Nesta batalha, já derrubamos gigantes, mas ainda há um exército para vencer”, conta Carla.
Na Sorridents, negócio que a empresária comanda, fica evidente a importância de se ter mulheres ocupando cargos e liderança.
A diretoria do grupo conta com quatro executivas; dos 83 colaboradores, 61 são mulheres. Só na rede Sorridents, das 274 unidades, 194 são franqueadas, e dos 4.500 dentistas, 3.114 são mulheres.
“Vejo pouquíssimos empresários preocupados com esta questão de igualdade e em averiguar se existe esta diferença na empresa. Seria de extrema importância que as empresas se conscientizem desta diferença absurda de reconhecimento por sexo. Não acho que a mulher deve ganhar mais que o homem pelo simples fato de ser mulher. Devemos ter políticas justas de reconhecimento e bonificação por mérito, de acordo com o potencial de cada profissional”, completa Carla.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Vinhas