Multa para postos que abusarem de preços pode ser de até R$ 9 milhões
Chefe de gabinete do Procon diz que nenhum aumento é tolerado por causa do protesto dos caminhoneiros e que consumidores devem denunciar
Economia|Giuliana Saringer, do R7
Alguns postos de combustíveis do país estão cobrando mais caro pelos produtos, que estão em falta no mercado por causa do protesto dos caminhoneiros que começou na segunda-feira (21). Em Brasília, por exemplo, o litro da gasolina está R$ 9,99 em um posto.
O chefe do gabinete do Procon-SP, Carlos Coscarelli afirma que nenhum aumento é tolerado.
— Nessa situação [protesto dos caminhoneiros], qualquer aumento é uma prática abusiva, qualquer que seja o percentual. O fornecedor está aproveitando de uma situação atípica.
O advogado especialista em Direito do Consumidor Sérgio Tannuri afirma que postos não podem cobrar mais caro para aproveitar a falta de produtos no mercado.
— Se eles [postos] pagaram R$ 3 no litro da gasolina e estão vendendo por R$ 9, apenas para explorar o consumidor, deve haver uma punição.
Coscarelli afirma que os estabelecimentos que aplicarem preços abusivos podem ser multados. Segundo ele, o valor da multa varia de acordo com a gravidade da infração e o porte econômico do fornecedor.
— As multas podem ir de R$ 600 a R$ 9 milhões.
Tannuri diz que o direito do consumidor existe para evitar situações como esta dos postos de gasolina do país, já que, segundo ele, está havendo um "abuso da posição de quem tem o poder de colocar o preço nos combustíveis".
— Apesar do Brasil viver uma livre concorrência, existe uma lei que regula os preços. O código de defesa do consumidor se preocupa na obrigatoriedade que o direito do consumidor seja reservado para que não tenha uma diferença injusta.
O Procon-SP afirma que o aumento dos preços sem justa causa é abusivo. Os consumidores devem documentar e denunciar essas situações por meio do site do Procon.
Segundo a entidade, “é fundamental que o consumidor anexe à denúncia imagem do cupom fiscal ou, na falta dele, o máximo de informações sobre o estabelecimento nome/bandeira, endereço, data de compra e preços praticados- se possível com fotos”.
Coscarelli complementa que também é interessante enviar o cupom fiscal da compra, caso o consumidor tenha abastecido o carro em um posto que tenha preços abusivos. Nome e endereço do posto são informações que não podem faltar em todas as denúncias.
Tannuri reforça que os consumidores devem denunciar as práticas aos órgãos de defesa do consumidor.
A partir do envio da denúncia, o órgão abre um procedimento de apuração, comprovação e possível punição dos infratores. Em Recife, um posto foi interditado e multado por vender o litro de gasolina a quase R$ 9. A multa foi de R$ 500 mil.