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Oito em cada dez brasileiros não se preparam para a aposentadoria

Pesquisa do SPC aponta que o orçamento apertado é o principal motivo para a maioria não poupar para o fututo

Economia|Karla Dunder do R7

Aposentadoria: sem planejamento cai o padrão de vida
Aposentadoria: sem planejamento cai o padrão de vida

Aposentadoria é um tema presente no noticiário, seja por conta das reformas propostas pelo governo federal, seja pelo envelhecimento da população. No entanto, quando o assunto é se programar para o futuro, oito em cada dez brasileiros não se planejam para a fase da aposentadoria.

É o que mostra a pesquisa 'O Preparo para Aposentadoria no Brasil', realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Apenas 19% dos não-aposentados têm se preparado, percentual que aumenta para 25% entre os homens, 26% entre os mais velhos e 30% nas classes A e B.

A estimativa levantada pelo SPC Brasil é de que cerca de 104,7 milhões de adultos acima de 18 anos ainda não aposentados não se preparam para esta fase da vida.

"Os brasileiros argumentam que o orçamento é apertado é o principal motivo para o não planejamento, no entando, se a pessoa não separar o valor assim que o salário cai na conta, jamais terá uma reserva financeira", avalia a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.


Entre os que não se preparam para a aposentadoria, 47% afirmam que não sobra dinheiro no orçamento e 22% que estão desempregados. Outros 19% já começaram a guardar dinheiro com esse objetivo, porém não conseguiram continuar devido a problemas financeiros e 15% têm outros planos e prioridades.

Já entre os que começaram a se preparar, mas pararam de guardar dinheiro, os principais motivos foram os problemas financeiros (36%), desemprego (35%) e imprevistos pessoais e/ou familiares (29%). Entre estes entrevistados, 22% ainda têm o dinheiro, enquanto 77% já não têm mais – o dinheiro foi utilizado principalmente para pagamento de dívidas (52%), tratamento de saúde (17%) e compras (13%). A maioria dos que pararam de guardar dinheiro para a aposentadoria pretende voltar (92%), no entanto, 52% ainda não tem uma data definida para isso.


Para parte dos entrevistados que têm outros planos que não englobam reserva para aposentadoria, 56% priorizam a compra da casa própria, 44% os estudos e 27% a compra de um carro.

"O perigo do brasileiro não se preparar para o futuro é uma queda drástica no padrão de vida", avalia Marcela. "O que acontece é que a pessoa precisa se manter no emprego, buscar outras formas de renda e, de qualquer maneira, será obrigada a fazer um ajuste financeiro."


De acordo com a pesquisa, 77% dos entrevistados têm como meta guardar dinheiro para a aposentadoria. E a média do valor reservado é de R$ 371. A pesquisa identificou os meios mais comuns para se preparar para a aposentadoria. São eles a aplicação em poupança (39%), INSS pago pela empresa (30%) e INSS pago por conta própria (23%).

"Para aqueles que ainda não tem o hábito de guardar dinheiro, a poupança pode ser interessante, mas é preciso entender que a longo prazo os rendimentos não são altos. Nesse sentido a aposentadoria privada é mais interessante, só é preciso ficar atento às taxas cobradas pelos bancos."

Entre os que se preparam para a aposentadoria, 87% afirmam possuir o hábito de fazer reserva financeira para outras finalidades além da aposentadoria, sendo que 49% têm dinheiro guardado para imprevistos e 29% para fazer viagens.

Os economistas orientam que as pessoas usem uma regra de bolso: 1/3 do salário deve ser guardado, 1/3 gasto com as contas e o 1/3 restante usado para diversão. "Essa é uma meta, mas qualquer valor guardado, a longo prazo, já é válido. É importante que deste valor reservado uma parte seja dedicada aos imprevistos, outra para aposentadoria e um terceiro para a realização dos sonhos."

Brasileiros pretendem se aposentar aos 61 anos

De acordo com o levantamento, a idade média em que os entrevistados começaram a poupar para a aposentadoria é 28 anos. Em média, os entrevistados pretendem parar de trabalhar e se aposentar aos 61 anos, entretanto, outros 21% pretendem continuar trabalhando de forma integral ou parcial, principalmente porque querem se manter ativos (60%) ou por gostarem do seu trabalho (18%). Já entre os que pretendem parar de trabalhar quando se aposentarem, 60% pretendem ter um período de transição até a aposentadoria.

A pesquisa também identificou como os brasileiros entendem a importância dos planos de previdência privada como complemento financeiro ou alternativa ao sistema previdenciário público ao qual todo trabalhador brasileiro tem direito (INSS). Considerando apenas os 12% dos entrevistados que se preparam para aposentadoria através de um plano de previdência privada da empresa onde trabalham, 61% receberam uma proposta direta da própria empresa, acharam interessante e resolveram fazer. Outros 39% ficaram sabendo que a empresa tinha o plano e solicitaram eles mesmos a adesão.

No caso dessas pessoas, 72% possuem um plano de coparticipação com o empregador, que paga uma parte do plano e desconta a outra na folha de pagamento, enquanto para 28% não há contribuição da empresa, pagando integralmente o plano, porém com um valor abaixo do praticado no mercado.

O valor médio de contribuição é de R$ 191,28 mensais, sendo que 38% contribuem com até R$ 150,00. A contribuição ao plano de previdência privada representa, em média, 5,48% do salário.

Foram entrevistados 3.818 casos em um primeiro levantamento para identificar quem não é aposentado e possui algum tipo de preparo para a aposentadoria. Em seguida, continuaram a responder o questionário somente 804 entrevistados que faziam algum tipo de preparo. Resultando, respectivamente, numa margem de erro de 1,59 pontos percentuais e 3,46 p.p. para um intervalo de confiança a 95%.

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