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País fecha 927 mil vagas na construção em três anos de crise

Nível de emprego com carteira assinada no setor retrocedeu ao mesmo patamar de 2009; sindicato fala em aumento da informalidade

Economia|Fernando Mellis, do R7

Emprego na construção voltou ao patamar de 2010
Emprego na construção voltou ao patamar de 2010 Emprego na construção voltou ao patamar de 2010

A construção civil foi o setor que mais fechou postos de empregos formais — com carteira assinada — em 2017: -103,9 mil, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados nesta sexta-feira (26).

O número vai na contramão de outros ramos importantes da economia, como serviços e comércio, que se recuperaram em 2017, após dois anos cortando vagas.

Entre 2009 e 2013, a indústria da construção acumulou saldo positivo de 1 milhão de empregos. Porém, o setor cortou 991,5 mil postos formais nos últimos quatro anos, deixando o nível de emprego nesse ramo praticamente igual ao registrado em 2009.

O presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Wellington Leonardo da Silva, culpa a “política econômica recessiva” do atual governo como um impeditivo ao crescimento de diversos ramos, inclusive da construção civil.

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— Eu não vejo cenário positivo enquanto essa política econômica vigorar. Basta dar uma olhada nas cidades grandes, o número de ambulantes aumentou extraordinariamente. São pessoas que antes tinham emprego, alguns possivelmente até na construção civil, e que estão se virando no mercado informal.

Antonio de Sousa Ramalho, presidente do Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo) e deputado estadual, destaca que sempre foi alto o percentual de empregados informais no setor e que isso se agravou com a crise.

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— Na construção civil, 52% [dos trabalhadores] estão na informalidade. O pessoal caminha muito para a informalidade na época do desemprego. A construção de pequenas reformas não foi tão prejudicada na crise. Isso movimentou o mercado de insumos e da construção formiguinha, o famoso bico.

Para o vice-presidente de economia do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Eduardo Zaidan, existe uma razão fundamental para tantos cortes de emprego por anos seguidos.

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— A construção civil depende do investimento que todos os atores da economia fazem, governo, famílias, etc. Se você vai investir em educação, vai construir escola. Metade do investimento passa na mão da construção civil. A taxa de investimento na economia brasileira tem sido baixíssima. O desemprego começa quando você termina uma obra e não tem outra.

Ele destaca que os investimentos caíram devido ao “desarranjo” na economia brasileira. A taxa de investimento no Brasil em 2017 ainda não foi divulgada. Porém, 2016, registrou o pior resultado da série histórica, iniciada em 1996: 16,4% do Produto Interno Bruto, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Já o professor Elton Duarte Batalha, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, acrescenta que o descontrole das contas dos governos federal e estaduais gera um cenário desfavorável para qualquer tipo de investimento.

— Santa Catarina, que é um Estado mais estável do ponto de vista fiscal, foi o que mais criou empregos em 2017. O Rio de Janeiro, como sabemos, passa por dificuldade, foi o que mais fechou.

O Caged registrou fechamento de 20,8 mil vagas formais em todos os setores da economia. O resultado é melhor do que 2016, quando foram cortados 462,3 mil postos. Em 2015, foram fechados 1,5 milhão de empregos com carteira assinada.

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