PIB do Brasil perde força, mas evita retração e surpreende economistas
Expectativa de leve contração do PIB no terceiro trimestre foi derrubada por avanço de 0,1% da economia no período
Economia|Do R7, com Reuters
O crescimento de 0,1% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional no terceiro trimestre anunciado nesta terça-feira (5) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) representa uma perda de força da economia nacional.
A alta, no entanto, surpreendeu os analistas do mercado financeiro que apostavam em uma leve contração no período. Mesmo com a alta trimestral, o PIB brasileiro teve o pior desempenho para um trimestre desde o fim de 2022, com quedas fortes do setor agrícola e dos investimentos.
William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, reconhece o desempenho melhor do que o esperado, mas avalia que “o panorama geral é de que o forte crescimento observado no primeiro semestre do ano chegou ao fim”.
“Do lado da produção, a agricultura foi um obstáculo ao crescimento no terceiro trimestre, uma vez que a colheita abundante do início do ano foi parcialmente revertida. É difícil prever o que acontecerá no quarto trimestre”, analisa Jackson.
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Gabriel Couto, economista do banco Santander, destaca que a surpresa põe em xeque a previsão de crescimento de 2,5% da economia brasileira para 2023. Ele afirma que todos os setores da oferta superaram as expectativas, o que indica uma “resiliência generalizada” da economia.
“As condições financeiras continuam em níveis criticamente restritivos, o que se reflete no contínuo enfraquecimento dos investimentos fixos. Contudo, o consumo das famílias continuou a demonstrar uma elevada resiliência, em meio a um mercado de trabalho ainda apertado”, observa Couto.
Nicolas Borsoi, economista-chefe da corretora Nova Futura, recorda que a expectativa apontava para uma leve contração do PIB nacional entre julho e setembro. Ainda assim, ele afirma não estar convencido de que os números alteram o cenário de atividade fraca no Brasil.
“O consumo, de fato, surpreendeu positivamente. Mas olhando os dados de oferta de forma desagregada, o recuo dos investimentos e das importações, pela ótica da demanda, me fazem crer que os dados são mais condizentes com um cenário de PIB fraco”, afirma Borsoi.
A surpresa positiva também é reforçada por Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. "O desempenho negativo do agronegócio é totalmente compreensível, a gente sabe que grande parte da safra está no primeiro semestre, e acho que estava na conta de todo mundo", ressalta.