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Podem baixar dólar, impostos ou custos de produção, mas os preços nunca caem

Moeda americana se desvalorizou, IPI diminuiu 25%, não adianta: nenhuma notícia econômica boa chega ao bolso do trabalhador

Economia|Marco Antonio Araujo, do R7

Eletrodomésticos já estão 20% mais caros no acumulado de 12 meses
Eletrodomésticos já estão 20% mais caros no acumulado de 12 meses

Não falha nunca. O dólar sobe e, no mesmo dia, comerciantes, varejistas, indústrias, postos de gasolina, companhias aéreas e a padaria da esquina repassam o aumento para o consumidor. O dólar caiu? Ninguém se ilude mais: nada de bom vai acontecer.

Enquanto a moeda americana acumulou queda de 16% em 12 meses, a inflação de produtos importados superou a média da inflação (11,3%). Nessa esteira, os eletrodomésticos já estão 20% mais caros no acumulado de 12 meses, enquanto a farinha de trigo subiu 18% e os eletrônicos, 14%.

A alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) diminuiu até 25% desde 25 de fevereiro. E daí? Até a cambaleante indústria automobilística salgou o preço de veículos em fevereiro e março, mostra o IPCA do IBGE. Empresários sempre têm uma desculpinha na ponta da língua: “Outros itens seguem pressionando custos, como combustíveis e matérias-primas”. Sei.

A menor taxa Selic da história foi registrada entre agosto de 2020 e março de 2021, quando o índice ficou no patamar de 1,90% ao ano. Alguém, nesse período, viu taxa de juros bancárias dar alguma moleza? Nem piscou, como se não fosse com ela. Zero alívio e, em consequência, aumento no número de inadimplentes.


Todos se lembram do golpe da tarifa de bagagem, né? Não houve nem comentarista de economia a pôr em dúvida que o preço das passagens aéreas iria diminuir, e o serviço, melhorar. Piada de mau gosto? Ficou mais para cara de pau mesmo.

Na prática, nenhuma notícia econômica boa chega ao bolso do cidadão trabalhador. Em meio a pressões inflacionárias, salários mais baixos, desemprego ainda elevado e crédito mais caro, as famílias brasileiras reduziram o consumo de bens, que está em patamar inferior ao que era registrado no pré-pandemia.

O que não dá é para condenar os que atribuem muito da crise deste país à ganância de empresários e à falta de misericórdia do mercado financeiro. Há trouxa para tudo, assim como limite para notícias otimistas que nunca se refletem na nossa realidade cotidiana. Puxado.

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