Por que bons números da inflação nem sempre refletem no bolso do consumidor? Economista explica

O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve encerrar com a menor inflação acumulada desde 1999. Segundo projeções, a taxa acumulada nos últimos quatro anos deve ser de 19,11%, batendo o recorde do segundo governo de Lula, em que o país registrou um acúmulo de 22,1%.

E entrevista ao Conexão Record News desta segunda-feira (3), Carla Beni, economista e professora da FGV (Fundação Getulio Vargas), analisa como o governo pode atingir o menor valor registrado desde a implementação do regime de metas, que orienta a política de juros do Banco Central para manter a estabilidade de preços no país.

Apesar da expectativa de baixa no valor e uma vitória para o governo, ela explica que, por contemplar mais de 400 itens na lista, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) muitas vezes acaba não refletindo diretamente na vida da população, o que gera distorções na visão dos resultados reais.

“Ano passado a gente teve a inflação a 4,62%, esse foi o índice fechado do IPCA, só que a alimentação no domicílio ficou em 8%, energia residencial ficou em 9%. Então você, literalmente, durante o mês, você sente o seu orçamento se desequilibrando e escutando, olha, a inflação abaixou e tudo mais. A gente não pode esquecer que o IPCA são 400 itens, entra uma renda de 1 a 40 salários mínimos, entram muitos serviços, entra até passagem aérea”, comenta.

Mesmo com essa distorção, Carla ressalta que esse índice não impacta no reajuste do salário mínimo, uma vez que esse valor se baseia no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que considera itens mais básicos ao invés de todos da lista do IPCA. Além do INPC, ela aponta que o reajuste do piso salarial se baseia no aumento real do valor, com acréscimo do PIB (Produto Interno Bruto), aprovado transição entre o governo anterior e o atual.

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