Saques da poupança superam depósitos em R$ 12 bilhões em outubro, pior resultado em 28 anos

Resultado negativo mantém junho como o único mês de 2023 com ingresso líquido de recursos na caderneta, afirma Banco Central

10/11/2023 - 10h22 (Atualizado em 29/03/2024 - 10h47)

A caderneta de poupança registrou nova saída recorde de recursos em outubro. Dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo BC (Banco Central) mostram que as retiradas superaram as aplicações em R$ 12,157 bilhões no mês passado, superando o saque líquido de R$ 11 bilhões em outubro de 2022, que era até então o pior resultado para o mês na série histórica, iniciada em 1995.

No mês passado, foram aplicados na poupança R$ 321,792 bilhões, enquanto R$ 334,130 bilhões foram sacados pelos brasileiros. Considerando o rendimento de R$ 5,631 bilhões, o saldo total da caderneta somou R$ 961,763 bilhões no fim de outubro.

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Em setembro, houve saques líquidos de R$ 5,835 bilhões. Em 2023, com apenas um mês do ano (junho) com resultado positivo, o saque acumulado da poupança é de R$ 98,285 bilhões. No ano passado, o saldo foi negativo em R$ 103,237 bilhões, o pior ano na história da poupança, considerando a série iniciada em 1995.

Atualmente, com a taxa Selic a 12,25% ao ano, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), hoje em 0,1068% ao mês (1,2892% ao ano), mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano). Quando a Selic está abaixo de 8,5%, a atualização é feita pela TR mais 70% da taxa básica de juros.

A caderneta de poupança voltou a atrair os brasileiros em plena pandemia. Os depósitos superaram as retiradas em mais de R$ 37 bilhões em maio, se tornando a maior captação dos últimos 25 anos. No entanto, investir nesse método nem sempre é o melhor negócio. Confira as dicas do Fala Brasil de como ter um maior rendimento!

Muitos brasileiros não possuem o hábito de guardar dinheiro, mas isso se transformou nessa quarentena. A população começou a guardar as economias na poupança para eventuais imprevistos que possam ocorrer durante este período de isolamento

Em maio, os depósitos líquidos da poupança foram de 37,2 bilhões de reais no Brasil, um recorde da série histórica do Banco Central iniciada em 1995. Foi o terceiro mês seguido de saldo positivo

Porém, para a economista Camila Abdelmalack, esse dado precisa ser analisado de forma criteriosa. "Não é uma finalização de que os brasileiros estão poupando mais por conta da crise. Na verdade, a gente tem esse auxílio emergencial que utiliza a conta poupança como fonte de recebimento", afirma

Além de não ser um hábito do brasileiro em economizar, ele também não costuma diversificar o investimento. A preferência pela poupança tem representado perdas com a queda nos juros e uma mudança no cálculo do rendimento ocorrido há três anos. "A poupança Selic, que é a taxa de referência de juros no mercado, quando está abaixo de 8%, rende 70% dessa taxa e mais uma taxa referencial, ou seja, não rende praticamente nada. Temos outros ativos seguros no mercado de investimentos e que rendem muito mais", explica a especialista

Um bom exemplo são os fundos de renda fixa que tem como referência o CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Esta taxa teve rendimento anual de 5,1% nos últimos doze meses anteriores a abril, mais do que os 3,7% da poupança. O Tesouro Direto pode render mais a longo prazo, ou seja, quanto mais tempo aplicado o dinheiro, melhor o rendimento. Caso aplique R$ 50 mil, após cinco anos, este valor muda para R$ 64.353,78, cerca de R$ 5.332,12 a mais que na poupança

Camila também alerta sobre os resultados dos rendimentos. "Têm investimentos que a taxa é muito atrativa, mas você pode acabar tendo perdas grandes se resgata o dinheiro antes do período". Se a opção for o mercado de ações, deve limitar o investimento a, no máximo, 30% do dinheiro disponível. "É entender que não é um investimento de curtíssimo prazo, ter paciência e também que exige um pouco mais de maturidade", explica

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