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Preço internacional e clima pressionam alta do etanol nos postos

Liberada desde junho, a venda direta do biocombustível não foi capaz de reduzir o valor nos postos do país

Economia|Vinicius Primazzi, do R7*

Preço do etanol médio no país é, atualmente, de R$ 3,79
Preço do etanol médio no país é, atualmente, de R$ 3,79 Preço do etanol médio no país é, atualmente, de R$ 3,79

O preço do etanol voltou a subir depois de meses de queda devido aos movimentos internacionais dos preços dos combustíveis e do clima no Brasil. O valor médio no país variou de janeiro a outubro 26,5%. Depois de atingir R$ 3,48 em agosto, o litro do combustível aumentou pela sexta semana consecutiva e atingiu R$ 3,79, segundo levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), divulgado na última sexta-feira (11).

“No Brasil, o preço do etanol tem seus movimentos determinados pelo preço da gasolina, e a gasolina voltou a subir (no cenário internacional) recentemente. Há um progressivo aumento da gasolina, que puxa o etanol na mesma proporção”, explica Robson Gonçalves, professor de MBAs da FGV.

“É importante ressaltar que o preço de bomba não depende apenas do preço do produtor, mas também da margem de distribuição, da margem de postos e preço do transporte”, detalha Luciano Rodrigues, diretor de Economia e Inteligência Setorial da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia).

Como se vê no gráfico abaixo, o etanol atingiu o seu preço máximo em outubro de 2021, quando voltou a cair até março de 2022.

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A queda acentuada ocorreu a partir de maio de 2022, quando caiu até outubro deste ano.

“No preço do produtor, estamos vendo uma elevação, que é um movimento rotineiro, porque estamos no final do período de moagem na principal área produtora do país”, explica Rodrigues.

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Ele garante, porém, que o Brasil não corre risco de ficar desabastecido do combustível, já que a quantidade de etanol é suficiente para passar o período de entre safras sem maiores problemas.

Sobre a rentabilidade dos combustíveis, Gonçalves explica que existe a “regra dos 70%”, ou seja, vale a pena para o consumidor colocar álcool no carro quando o preço está até 70% o da gasolina. Acima disso, passa a ser mais vantajosa a gasolina por causa do rendimento do motor.

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Ana Paula da Silva, gerente de posto localizado na avenida Marquês de São Vicente, na zona oeste de São Paulo (SP), afirma que os clientes costumam preferir o álcool. “Pelo o que eu vejo, cerca de 60% ou 70% preferem o etanol, por ser mais barato que a gasolina”, afirma a gerente.

A gerente de posto Ana Paula da Silva, que vê preferência pelo etanol
A gerente de posto Ana Paula da Silva, que vê preferência pelo etanol A gerente de posto Ana Paula da Silva, que vê preferência pelo etanol

Um exemplo disso é a consumidora Natasha Camilo, artesã e bacharel em direito. “Se a diferença é maior de 10 ou 20 centavos, eu prefiro a gasolina, caso contrário, coloco etanol, sobretudo pelo preço”, garante a consumidora.

Já o taxista João Luis afirma que prefere o álcool à gasolina. De acordo com ele, o etanol é mais econômico e mais vantajoso.

O etanol ficou mais competitivo ante a gasolina somente em dois estados: Mato Grosso e Paraíba. Para valer a pena a utilização do combustível, os critérios consideram que o etanol de cana ou de milho, por ter menor poder calorífico, tenha um preço limite de 70% do derivado de petróleo nos postos.

Na semana passada, segundo levantamento da ANS, a paridade ficou em 69,5% no Mato Grosse e em 69,1% na Paraíbas. Na média dos postos pesquisados no país, o etanol está bem acima da paridade, portanto menos favorável do que o derivado do petróleo.

Desde junho, existe a possibilidade da venda direta do etanol, mas essa forma é responsável por apenas 1% do total e, portanto, não tem relação com a queda dos preços observados no último mês, segundo o diretor de Economia e Inteligência Setorial da Única.

Além disso, afirma Gonçalves que “a venda direta favorece a margem dos distribuidores, e a ideia é garantir uma certa competitividade, mas está sendo transformada em margem”.

*Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Lúcia Vinhas.

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