Prévia da inflação desacelera em junho, mas preços de alimentos e bebidas têm alta
Nos últimos 12 meses, variação do IPCA-15 foi de 4,06%, acima dos 3,70% observados nos 12 meses imediatamente anteriores
Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília
A prévia da inflação oficial do país voltou a desacelerar e ficou em 0,39% em junho, mostram dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (26). O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) teve uma queda de 0,05 ponto percentual em relação a maio, quando marcou 0,44%.
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Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumulou alta de 4,06%, acima dos 3,70% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Para efeito de comparação, em junho de 2023, a taxa foi de 0,04%. O resultado se distancia do limite do teto da meta seguida pelo Banco Central, que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima (4,5%).
O IPCA-E, acumulado trimestral do IPCA-15, ficou em 1,04%, abaixo dos 1,12% registrados no mesmo período de 2023.
Lanche mais caro
O resultado de junho foi influenciado pelo aumento nos preços do grupo alimentos e bebidas, que acelerou 0,98%, puxado pelas altas da batata inglesa (24,18%), leite longa vida (8,84%), arroz (4,20%) e tomate (6,32%). No lado das quedas, destacam-se o feijão carioca (-4,69%), a cebola (-2,52%) e as frutas (-2,28%).
A alimentação fora do domicílio (0,59%) também acelerou em relação ao mês de maio (0,37%), em virtude das altas de lanche (de 0,47% em maio para 0,80% em junho) e da refeição (0,34% em maio para 0,51% em junho).
Segundo o instituto, sete dos nove grupos tiveram alta em junho. Depois dos alimentos e bebidas, as maiores altas vieram dos grupos de habitação (0,63%) e saúde e cuidados pessoais (0,57%).
No grupo habitação (0,63%), a alta da taxa de água e esgoto (2,29%) foi influenciada pelos reajustes de 6,94% em São Paulo, a partir de 10 de maio, de 9,85% em Brasília, a partir de 1º de junho, e de 2,95% em Curitiba, a partir de 17 de maio.
Reajuste dos planos de saúde
O resultado do grupo saúde e cuidados pessoais (0,57%) foi influenciado pela alta nos preços dos planos de saúde (0,37%), decorrente do reajuste de até 6,91% autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) em 4 de junho, com vigência a partir de maio de 2024 e cujo ciclo se encerra em abril de 2025. Desse modo, no IPCA-15 de junho foram apropriadas as frações mensais relativas aos meses de maio e junho.
Preço dos transportes em queda
Os gastos com transporte caíram 0,23% em junho, resultado influenciado principalmente pela queda nos preços da passagem aérea (-9,87%). No ano passado, os bilhetes aéreos haviam puxado a inflação para cima, com alta de 47,24% entre janeiro e dezembro de 2023.
Em relação aos combustíveis (-0,22%), todos registraram queda nos preços: etanol (-0,80%), gás veicular (-0,46%), óleo diesel (-0,42%) e gasolina (-0,13%). O subitem táxi apresentou alta de 0,18%, devido ao reajuste de 17,64% em Recife (3,09%), a partir de 22 de abril.
Por região
Quanto aos índices regionais, todas as onze áreas de abrangência tiveram alta em junho. A maior variação foi registrada em Belo Horizonte (0,68%), por causa das altas da batata inglesa (24,31%), do leite longa vida (10,68%), da energia elétrica residencial (4,11%) e da gasolina (1,77%). Moradores de Fortaleza, Curitiba e Porto Alegre também sentiram impacto dos preços em junho, já que tiveram reajustes acima da média brasileira.
Já o menor resultado ocorreu em Belém (0,16%), que apresentou queda nos preços das passagens aéreas (-9,40%) e das carnes (-2,39%).
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 16 de maio a 14 de junho de 2024. São consideradas para o estudo as famílias com renda entre um (R$ 1.412) e 40 salários mínimos (R$ 56.480) que vivem nas regiões metropolitanas do país.