Produtos encalham no comércio a menos de um mês da Copa
Lojistas da 25 de Março, maior centro de comércio popular de São Paulo, acreditam que torcedor só vai se animar perto da estreia da seleção
Economia|Thais Skodowski, do R7
Pouco menos de um mês para o início da Copa do Mundode 2018 na Rússia, os comerciantes da 25 de Março, em São Paulo, estão desanimados com a torcida brasileira. As vendas ainda não emplacaram e itens verde-amarelos se acumulam nas prateleiras — mesmo as "sobras" da Copa 2014 comercializadas a preços mais baixos.
Claudio Nunes da Silva, gerente de uma loja, diz que nunca viu um movimento tão baixo em um período perto da Copa desde que trabalha no local, há 24 anos.
— Teve o 7 a 1 [na Copa do Mundo de 2014], tem todos estes escândalos de corrupção. Os brasileiros não estão muitos animados em vestir a bandeira do Brasil.
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Na loja, quase 80% dos itens são artigos que sobraram de 2014. Alguns até são vendidos com um valor abaixo do mercado. Uma vuvuzela, que na Copa no Brasil custava R$ 1,89, agora está sendo comercializada por R$ 1,29. O importante é vender e diminuir o prejuízo.
Em outro estabelecimento, o gerente Alex Souza de Oliveira conta que pouca coisa está sendo vendida e o que sai mais são os itens mais baratos, como apitos, vuvuzelas e bandeiras pequenas. A maioria dos objetos na loja também é o que sobrou da Copa anterior, quando a seleção brasileira foi aquém do esperado sendo desclassificada na semifinal pela Alemanha por 7 a 1.
A esperança de Oliveira é que as vendas cresçam com a proximidades dos jogos ou até mesmo depois de vitórias do grupo comandado por Tite.
— A gente espera que, com a proximidade da Copa, o comércio melhore. Também torce para que o Brasil vá bem porque isso reflete nas vendas.
Expectativa dos empresários
Oliveira não é o único. Um estudo realizado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CDNL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) com 800 empresários dos setores de comércio varejista e serviços, de todas regiões do país, revela que três em cada dez (33%) micro e pequenos empresários do setor estimam que as vendas aumentem no período dos jogos. A seleção brasileira estreia na Copa do Mundo da Rússia no dia 17 de junho, um domingo, contra a Suíça.
O desempenho da seleção brasileira também é considerado importante para o empresariado. De acordo com a pesquisa, 29% acreditam que o aumento das vendas do próprio negócio depende das vitórias da seleção.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, diz que é comum em períodos de crise que se espere para investir em algo, ainda mais em itens que não são dispensáveis.
— É normal que na fase na crise as pessoas esperem mais para investir. É até uma boa estratégia, esperar com que o evento fique mais próximo para sentir quanto é prudente gastar com ele.
Marcela acredita que as vendas com os itens da Copa serão importantes para a economia brasileira.
— A Copa não vai salvar a economia, mas dá para o comerciante surfar nessa onda e aproveitar o aumento do consumo.
Souveniers
Ainda segundo a pesquisa, entre os empresários que estimam crescimento nas vendas da própria empresa (20%), a expectativa é de que o volume médio de vendas seja 27% superior ao mês anterior do Mundial.
Na percepção da maioria dos entrevistados, o otimismo está relacionado ao aumento do faturamento, principalmente, em setores que lucram com o consumo sazonal de produtos nesta época e estão diretamente ligados ao evento, como souvenirs (80%), comércio informal (72%), bares e restaurantes (68%), supermercados (66%), comércio eletrônico (57%) e transporte (51%).
O gestor de vendas Marcelo Oliveira, que trabalha em uma emprea que fornece kits personalizados com artigos relacionados à Copa do Mundo para agências e supermercados, diz estar empolgado com a vendas.
— O setor está bem aquecido. Recebemos bastantes solicitações para a compra de muitas unidades de itens, como por exemplo do nosso kit Copa (com copo, apitos, bolsa).